Faz hoje 50 anos que foi inaugurado o edifício sede da Fundação Cupertino de Miranda em Vila Nova de Famalicão. Uma obra marcante para a cidade e também para a cultura nacional com um dos maiores acervos de obras de arte do movimento surrealista. Estão lá coleções privadas de grandes nomes do surrealismo português.

O Centro Português do Surrealismo da Fundação Cupertino de Miranda tem um acervo notável dedicado ao surrealismo com “salas de exposição permanente dedicadas a alguns dos artistas mais representados na nossa coleção, como Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas, Júlio e Fernando Lemos”.

Marlene Oliveira, diretora artística da Fundação Cupertino de Miranda, fez de nossa guia no segundo piso do edifício sede. Aqui são vizinhos dois espaços maiores da coleção de arte.
Um tríptico e uma pequena sala com fotografias, mascaras, pinturas, esculturas… uma grande variedade de objetos que estavam na casa de Mário Cesariny em Lisboa, um dos nomes grandes do surrealismo em Portugal.

Objectos de Mário Cesariny

Em várias salas vemos pintura, escultura, poesia, fotografia… são várias as formas de expressão do movimento surrealista a que se juntam exposições temporárias. Não admira, por isso, que o principal interesse dos visitantes verse o surrealismo.

Cruzeiro Seixas

“Grande parte da coleção é dedicada ao surrealismo e, por outro lado, muitas pessoas conhecem Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas, falecido em 2020 com quase cem anos de idade.
Essas são algumas referências, mas temos outras obras importantes como o tríptico A Vida que, não é surrealista, mas é a nossa obra mais valiosa.”

O tríptico de António Carneiro é uma obra fabulosa. Pela criatividade, a técnica e o tamanho das telas, cativam o nosso olhar e obrigam-nos a uma longa contemplação no átrio do segundo piso.

A partir daqui podemos entrar num outro espaço, muito bem conseguido, uma viagem em espiral, por quatro pisos. É a Torre Literária.

Marlene Oliveira

Afirma Marlene Oliveira que “o espaço foi criado em 2020. Podemos “navegar” pela literatura portuguesa, por nove séculos.
Em 14 salas encontramos vários autores de renome nacional. Além das referências à parte escrita temos, por exemplo, quatro vídeos de Manoel de Oliveira.”

Quando chegamos ao topo do edifício, quem tiver possibilidades, aproveite a vista do terraço, no 10º piso. Abrange uma área enorme e revela a centralidade da sede da Fundação que foi inaugurada há 50 anos, em 8 de Dezembro de 1972.

Os serviços educativos da Fundação organizam visitas para escolas e seniores, com várias atividades.

Além da visita aos espaços expositivos pode-se ainda sentir o ambiente de uma biblioteca dos anos 70.

A biblioteca é também um dos principais centros documentais em Portugal sobre o surrealismo. Inclusive, no seu espólio, tem o arquivo e bibliotecas pessoais de Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas e Ernesto Sampaio.

De referir, por último, um olhar que merece ser atento. Para as quatro paredes da torre da Fundação que estão revestidas com igual número de painéis de azulejos de Charles de Almeida e que são obras de arte fantásticas.

Obras de Rui Aguiar

50 anos da sede da Fundação Cupertino de Miranda e do Centro Português do Surrealismo em V. N. de Famalicão faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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