O esplendor e a beleza da Arte Nova sentem-se em muitas ruas de Aveiro.
Os passeios, a pé ou de barco, são orientados pelo encanto das fachadas de edifícios com efeitos em ferro forjado, figuras em cantarias e um polvilhar de azulejos que dão imenso colorido à paisagem urbana. Uma galeria a céu aberto.

É esta diversidade e a quantidade, são 26 edifícios e 2 monumentos, que fazem de Aveiro a Cidade Museu de Arte Nova. Acrescenta Gabriela Mota Marques, do Museu da Cidade, “a verdadeira coleção do Museu não está dentro de portas, dentro do edifício, mas dispersa pela cidade. No fundo, a cidade é entendida como um espaço museológico.”

A Arte Nova, marcante em Aveiro a partir do final do século XIX, início do século XX, tem características diferenciadoras em relação a outras cidades. “Revela-se essencialmente ao nível da fachada, de visibilidade para o exterior. Recorre também muito ao azulejo. É um dos elementos que nos identifica.
O azulejo está associado com a produção local, a fábrica da Fonte Nova, e também com uma grande diversidade e crescimento de produção azulejar e de cerâmica nos finais do século XIX.”

Estas marcas são facilmente visíveis em vários edifícios. Um dos lugares mais visitados em Aveiro, o Largo do Rossio, junto ao Canal Central, é onde se concentram vários e excelentes exemplares de Arte Nova.

Um deles é o edifício do Museu de Arte Nova. O tom azul da fachada é ofuscado pelo branco da cantaria em pedra e as formas arredondadas e com desenhos dos trabalhos em ferro forjado. Uma águia encima o edifício marcado por várias linhas curvilíneas.
Em Aveiro é conhecido como a Casa Major Pessoa e terá sido concebida em 1909 por Silva Rocha e ou Ernesto Korrodi.

Na opinião de Gabriela Mota Marques, o Museu é o melhor ponto de partida para a rota de Arte Nova em Aveiro. Além da informação que se recolhe, “é oferecido um mapa com os outros edifícios da coleção que estão dispersos pela cidade.
O Museu é também um centro interpretativo do que foi o movimento Arte Nova, as figuras mais relevantes desse movimento em Portugal, a natureza como fonte de inspiração…No Museu realizamos ainda exposições temporárias.”

O Museu é também um exemplo de alguns edifícios que estavam degradados ou devolutos e que foram adquiridos para posterior qualificação e preservação. Um olhar de apreço que se espalha à comunidade aveirense.
“Há uma consciencialização pública de que é um valor a preservar e a manter na cidade. Por isso, temos um conjunto de edifícios que estão operacionais, que mantêm a sua função inicial, sobretudo residências, e outros que têm vindo a assumir outras funções. É o caso do Museu da Cidade de Arte Nova.”

O legado de Arte Nova em Aveiro tem pouco mais de um século. Documentação revela que existiam mais construções que seguiam este estilo.
Alguns perderam-se, outros foram sacrificadas como a Garagem Trindade que foi demolida em 1918 para dar seguimento a uma das principais avenidas da cidade.

“Mesmo assim, é um numero considerável que exprime o florescimento da Arte Nova associada ao crescimento e dinamismo de uma burguesia local. Assemelha-se ao resto da Europa com a Arte Nova a ser uma corrente artística que transmite um valor cultural de um grupo social em crescimento e afirmação.)
O riquíssimo legado que chega aos dias de hoje cativa, além dos turistas, grupos escolares e público especializado que procura o museu de Arte Nova para estudos e investigação.

Somos procurados anualmente por um conjunto largado de alunos universitários, não só da Universidade de Aveiro, mas também de outras universidades, para estudarem alguns temas associados à Arte Nova. Ao longo do ano temos ainda grupos especializados que vêm especificamente a Aveiro para verem o Museu e a coleção dispersa pela cidade.”

Os edifícios e monumentos da rota de Arte Nova estão classificados. Cada um tem uma placa a indicar que faz parte do Museu de Arte Nova e integram também uma rota cultural europeia. Uma forma complementar de descobrir perspetivas diferentes de alguns edifícios é numa viagem de barco num dos canais da Ria de Aveiro.

Aveiro – a Cidade Museu de Arte Nova faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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