O café Central de Ourém tem 96 anos e dizem que é o café mais antigo de Ourém. No interior foi preservado mobiliário e decoração que pode remontar a 1928.

O café Central “mantém a traça e o mobiliário. As máquinas é que são novas porque estavam danificadas. Os dois balcões são também de origem, dos anos 20 e um deles foi rebaixado porque era muito alto.
As cadeiras também são as mesmas. Foram restauradas.”

O testemunho é de Natália Ribeiro cuja família toma conta do café há cerca de 30 anos.
Ela refere ainda que “os clientes acham que cafés modernos há por todo o lado e apelam para que se mantenha a traça do Central. Consideram que o ex-libris do café é o mobiliário e nós temos mantido.”

As cadeiras e as mesas são metálicas, pintadas de branco e o tampo é redondo e de vidro.

A decoração interior é marcada por vários painéis de azulejos com matizes diferentes. Uns com figuras geométricas em tons amarelo e castanho, outros entre o preto e o cinza.
Um destes painéis cobre a parede das escadas que dava acesso ao salão do bilhar onde se conta que alguns professores vinham buscar os alunos que faltavam às aulas. Agora já não é preciso.
“Os miúdos iam para lá, davam cabo de tacos, faziam muito barulho e acabámos com o bilhar.”

O que se mantém é a venda de jornais e de lotaria. Há sempre gente a entrar e a olhar para os escaparates antigos de madeira onde estão os jornais e as revistas.
Numa mesa ao lado estão também jornais para os clientes. Conta Natália Ribeiro que tem “um ou dois clientes que tomam café para lerem o jornal de borla. Os jovens preferem o desportivo e as mulheres gostam mais de ler um diário.”

Na fase inicial o Central era frequentado pela elite local e os empregados usavam farda.
O café era vizinho de um jardim onde se destacava uma sebe em forma de cesta.

No café uma fotografia lembra o formato e o tamanho. Agora há um pequeno espaço ajardinado e a sombra de uma árvore refresca a esplanada.

Estas são algumas das mudanças mais visíveis num café que partilha a memória de várias gerações da mesma família. “Por vezes há algumas pessoas que passam anos fora e quando regressam dizem que o café está igual quando estiveram aqui com o pai ou o avô. Nós gostamos de ouvir.”

O Central preserva o tempo e as memórias não só do café, mas também de uma zona que, entretanto, perdeu a centralidade da cidade.

Café Central: “somos o café mais antigo de Ourém faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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