O Cais da Vala Real em Salvaterra de Magos assinala a parte final da linha de água que vai desaguar no Tejo no bonito Bico da Goiva. É também o registo de uma janela no tempo que remonta às viagens de barco da família real que desembarcavam no cais.

A prática regular da coroa portuguesa deu o nome de Vala Real ao canal de água que durante séculos foi a principal via de comunicação de Salvaterra de Magos.
No cais chegavam a estar uma média de 30 barcos. Levavam para Lisboa cortiça, vinho… era tudo o que havia. Os barcos eram à vela. Não havia motores. Só vela e remos.”

O testemunho é de um passado de quase um século porque Vicente tem 90 anos e é natural de Salvaterra de Magos.

Estava sentado numa bicicleta, encostado na parede do antigo celeiro da Casa do Infantado. É um edifício enorme que marca igualmente a atividade agrícola nesta zona. Vicente conhece bem porque trabalhou na agricultura, “fazia tudo. Cavar, arrumar pedra… no campo fazemos de tudo.”

O diálogo foi à beira da estrada, próximo do edifício do Cais da Vala Real onde funciona o posto de Turismo e o chamado “Museu do Rio” Tem réplicas de embarcações tradicionais e procura dar a conhecer e a preservar um património que mudou muito.

Museu do Rio

Ao olharmos para o espelho de água, que se forma a partir do que designam Ponte Romana (a origem
deverá ser do séc. XVII) vemos essencialmente barcos de recreio.

“Pescadores há muito poucos, talvez meia dúzia, acrescenta Isidro, companheiro de conversa. Alguns vieram de Escaroupim. Mas está diferente, os velhotes estão a ir embora.”

No diálogo entre Vicente e Isidro percebemos porque o cais tem pouca gente.
Ao lado do ancoradouro dos barcos estão pequenas casas de madeira, coloridas, onde os pescadores guardam os instrumentos da faina. Foi aqui que encontrei Emília Girão.

Estava a amanhar enguias. Também tem memória de uma comunidade de pescadores muito maior. “Por exemplo no tempo dos meus sogros eram muitos.

Alguns foram morrendo e ficaram apenas os mais novos. Os meus sogros viveram sempre da pesca e passaram aos filhos. Eu ainda pesquei mas agora não.”

Junto às pequenas casas de madeira o ambiente é de grande serenidade.
Arvores mais altas marcam as margens da Vala Real até à foz no Tejo. No entanto, a paisagem é marcada pela planura da lezíria.

Do cais até à foz a Vala Real tem uma extensão de 2 a 3 quilómetro. Termina num lugar muito bonito e muito calmo. O Bico da Goiva onde construíram um baloiço.

A Vala Real começa no Paúl de Magos.

Cais da Vala Real: foi a principal via de comunicação de Salvaterra de Magos faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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