Bravães, no concelho de Ponte da Barca, tem uma igreja que é uma joia do estilo românico em Portugal. A origem é do século XII e estava associada ao Mosteiro de S. Salvador de Bravães, entretanto desaparecido.
O estilo românico destaca-se em particular no fabuloso trabalho decorativo do pórtico.

Tem cinco colunas todas decoradas com figuras geométricas, anéis, rosetas, macacos, serpentes, águias e representações humanas, provavelmente da Virgem e do anjo S. Gabriel.
O pórtico é encimado com Cristo em majestade, com apoio de dois anjos.

O portal está virado para o adro, um espaço aberto que aumenta a imponência da igreja construída num patamar superior. Desperta de imediato a atenção de quem segue na estrada em direção a Ponte da Barca.
Jaime Ferreri diz que costuma ser guia nas visitas agendadas. Revela “todos os pormenores e com base em estudos sérios. Também com uma certa vaidade porque Bravães é uma paróquia de 1080, quando Vasco Nunes recebe autorização para construir o Mosteiro de S. Salvador de Bravães.”

Jaime Ferreri é um pouco difícil de catalogar porque é professor, escritor, encenador e, para além de tudo isto, um apaixonado pela terra onde nasceu.
Na verdade, a própria igreja revela a origem da sua família através da capela que há quase um século foi transformada na atual sacristia. “A capela, desde 1631 até 1937 tinha um administrador que era o primogénito da minha família.”

A transformação de 1937 procurou retirar elementos que ao longo de vários séculos foram acrescentados à igreja e restituir a sua versão original. Desde altares a pinturas.

Colocaram também a nova torre sineira, separada do templo. Os sinos continuam a tocar porque é a igreja paroquial.
Além do pórtico principal, no exterior, há mais efeitos decorativos a partir da pedra trabalhada.

Uma das portas é encimada com uma escultura, do cordeiro místico, coberto com uma cruz. Na entrada a Norte a decoração é a Árvore da Vida.
No interior uma rosácea deixa passar a luz natural para a nave única com teto de madeira e separada por um arco da capela-mor
Nas paredes continuam os frescos medievais. Na reforma da igreja em 1937, retiraram os posteriores e “deixaram ficar dois frescos. O de S. Sebastião, que estava por debaixo de outra pintura de S. Sebastião. O outro é o da Virgem, que tem o menino na mão direita. Também tinha outra pintura por cima.”

A chave da igreja está na Junta de Freguesia. Fica mesmo ao lado e tem igualmente uma exposição sobre a reformulação da igreja em 1937, da autoria de Jaime Ferreri.

É no adro, e com a igreja em cenário de fundo, que há mais de 20 anos se realiza na Páscoa a representação da Paixão de Cristo com atores locais.
A igreja está classificada como Monumento Nacional.

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