Manuel Dias é muito versátil na arte das marionetas. Também um apaixonado pelo que faz. Constrói os bonecos e podemos vê-lo e ouvi-lo com os D. Roberto, no espetáculo Robertos, Viola e Campaniça, ou a manusear marionetas no La Minuta e, com imensa sensibilidade, a dar vida e a “dialogar” com as marionetas num palco.

Trabalhar com os Dom Roberto não é fácil, em particular com o uso da palheta, colocada no céu boca do marionetista e que dá voz aos bonecos. A tradição é de ser uma voz livre. Divertida e, por vezes, assertiva.

Neste caso, no espetáculo Robertos, viola e campaniça, Manuel Dias com António Bexiga e Nuno do Ó, apostam numa experiência que junta a viola campaniça e o fado.

Manuel Dias faz Dom Roberto há várias décadas e pertenceu a um grupo muito reduzido de roberteiros, eram 4 em todo o país, que conseguiu manter viva a tradição deste tipo de teatro popular.

Passou também o testemunho a novos marionetistas que hoje garantem vitalidade aos Dom Roberto.
Manuel Dias pertence à companhia Trulé e a sua atividade não se esgota nos Dom Roberto.
Os bonecos são todos construídos por Manuel Dias, no seu atelier em Évora. Uma paixão com mais de 40 anos.

“Há bonecos com os quais tenho uma ligação muito forte. Hoje era inconcebível para mim imaginar-me a não fazer marionetas. Isso seria o meu fim.”
Manuel Dias constrói uma grande variedade de marionetas que manipula com mestria. Um encanto de ternura que transporta para a alma de cada boneco.

A aprendizagem das técnicas de manipulação é um processo permanente, em simultâneo com a vontade de dar uma vida quase eterna aos bonecos. “Essa foi a minha grande motivação. Mexer em materiais inertes que, de um momento para outro, conseguem passar às pessoas a sensação de vida. Nós acreditamos também nisso quando estamos a mexer nos bonecos, dando aquele sopro que eles necessitam para existirem”.

Uma arte que há quase meio século exprime com rigor e paixão utilizando várias técnicas de marionetas. Um namoro permanente. Encanta e encantado. Por exemplo, a relação com a marioneta Vladimir é soberba.

A rotação dos olhos, a articulação do corpo, em especial as pernas, tudo manipulado numa mão, consegue transmitir uma enorme expressividade. É fabuloso. A própria marioneta é também uma exceção: “o Vladimir é a única marioneta que uso em palco e que não foi construída por mim.

Foi-me oferecida por uma marionetista russo, engenheiro de robótica e falecido, entretanto. Ele viu um espetáculo meu e no final prometeu oferecer-me um boneco. É das coisas mais espantosas que eu tenho.”

Manuel Dias e “o sopro que dá vida aos bonecos” faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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