Chamam a Esculca a “Aldeia Mirante” do concelho de Arganil. Rapidamente se percebe a razão do nome. No miradouro, no largo da aldeia, ou no baloiço, que colocaram mais acima, temos vistas soberbas que vão até à serra da Estrela ou ao Caramulo.

Logo na entrada da aldeia, na estrada proveniente de Côja, temos um miradouro com “vistas espetaculares, grandes. Côja, Barril, Vila Cova, a estrada da Beira…”.

Seguindo a descrição de Acácio Gouveia, Côja, que fica a cerca de 5km, espraia-se à nossa frente numa zona mais plana. Entre o verde das várias serras vemos outras povoações até a serra da Caramulo fechar o horizonte.

No baloiço, que fica mais acima da encosta, a vista é de quase 360 graus e vemos mais aldeias isoladas, em particular na serra do Açor. Aqui o horizonte é maior, confirmando a inscrição colocada no topo do baloiço de madeira: “Esculca nas portas do Açor”.

É fácil o acesso ao baloiço. Por uma pequena estrada de terra batida e não fica longo do baloiço da Carriça.
Esculca fica no caminho (CM 1345-3) entre Coja e Benfeita, com passagem por Luadas.

A grande maioria dos visitantes que vai para a Fraga da Pena ou Piódão segue outra estrada, mais larga, o que me levou a pensar que esta teria pouco movimento. José António, também residente em Esculca disse-me que não, que “tem muito movimento. Alguns enganam-se e seguem este caminho para o Piódão. Outros vão para Luadas, Benfeita e mata da Margaraça.” Todo este percurso é deslumbrante, com vistas fantásticas.
Esculca, cuja origem se depreende do próprio nome e que remete para vigia, servia de proteção do castelo de Coja. “É uma aldeia com muito pouca gente. Não terá mais de 50 residentes permanentes.”

O numero reduzido de pessoas obrigou-o a encerrar o café que tinha próximo do miradouro e de uma casa de xisto com uma pedra muito grande onde foi inscrita uma cruz.
O outro café fica no largo e próximo da igreja de S. Lourença que sobressai entre o casario devido à torre sineira.

As ruas da aldeia são estreitas, com muitas casas de xisto. Ao longo das encostas vemos algumas casas dispersas, rodeadas de árvores de fruto, e poucas parcelas de terreno cultivado.

É também por antigas casas e caminhos agrícolas que vivem agora alguns estrangeiros. Procuram lugares mais isolados. José António calcula que serão cerca de uma dúzia.

São sinais de novos tempos, de modos de vida que fazem esquecer o profundo isolamento de Esculca há cerca de um século. Muitas das estruturas que conseguiram ao longo destas décadas foi graças a movimentos comunitários.

Os miradouros de Esculca, a “aldeia mirante” faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

Comments

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *