Vamos andar “próximo do céu”, a mais de mil metros de altitude, na serra da Freita.
Um roteiro que nos vai levar a três miradouros, dois deles com forte intervenção humana. O terceiro, na Mizarela, resulta de processos naturais.
O miradouro está ao lado da Frecha da Mizarela, a maior cascata de água em Portugal, com 60 metros de altura. Próximo está um outro lugar que é destacado com informação, o Contacto Litológico. Ambos revelam como rochas diferentes poderão causar um impacto relevante na paisagem.
Seguindo a explicação de Alexandra Paz “estas rochas, como têm caraterística diferentes, respondem também de forma diferente à erosão”. A Frecha da Mizarela é atravessada pelo rio Caima que nasce no planalto da Freita.
Ainda na explicação da geóloga do Arouca Geopark, o rio ao passar da zona granítica para o xisto, como as rochas têm durezas diferentes, provoca uma maior erosão no xisto que se encontra na base da queda de água. Parte da formação da cascata deve-se a esta diferença de resistência das rochas.
Aqui o rio Caima ainda é uma criança mas o fio de água provoca uma forte erosão.
Pouco se dá por ele antes da queda de água, mas ganha volume ao despenhar-se a 60 metros de altura. Ao lado da cascata há um miradouro que estende o nosso olhar entre encostas áridas da serra até vales férteis.
Esta vista para a serra não se compara à do radar do IPMA que está mais acima. Localiza-se a 1100 metros de altitude, no Pico do Gralheiro.
O radar é um dos mais modernos em Portugal e foi inaugurado em 2015. Tem 47 metros de altura e 13 pisos.
O décimo piso é panorâmico e oferece-nos uma vista rara em Portugal Continental. “Podemos observar parte da serra e parte do nosso território continental, das zonas Norte e Centro.
Daqui observamos, por exemplo, o Porto, o Marão, o Gerês, a faixa costeira entre a zona de Leça da Palmeira e Aveiro, a serra da Boa Viagem, na zona da Figueira da Foz quando o céu está limpo, a serra da Estrela e o Bussaco”. A citação é de Alexandra Paz porque no dia da nossa visita o céu estava com muitas nuvens.
Além de nos proteger do vento, o piso panorâmico da torre do radar oferece-nos ainda uma sensação estranha de estarmos a dezenas de metros de altura e numa estrutura minúscula em função da amplitude do horizonte.
O radar pode ser visitado na sequência de um protocolo com a Associação Geoparque Arouca
e a marcação terá de ser feita junto à aldeia de Castanheira. É onde funciona o Centro de Interpretação das Pedras Parideiras.
Alexandra Paz leva-nos agora ao miradouro do Detrelo da Malhada para nos ajudar a descobrir outra imensidão de Portugal Continental. “É um miradouro circular, na zona do parque eólico. Temos uma vista para o vale de Arouca, onde se instalou o centro de Arouca.
É uma zona onde se faz a divisão das bacias hidrográficas do Douro e do Vouga. Oferece-nos vistas magnificas. Para Norte podemos observar também a zona costeira, entre a zona de Espinho, Santa Maria da Feira e Leça da Palmeira, o Marão, o Gerês e, mais no interior, parte da serra do Montemuro que é de elevada beleza.”
Sim é, aliás, uma das serras esquecidas em Portugal, em função da sua beleza. A serra da Freita fica relativamente próxima e não fica aquém a sua beleza paisagística.
“Junto ao céu” no décimo piso do radar do IPMA e no alto da serra da Freita faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:
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