A singular representação pascal da Paixão de Cristo em Bravães

Logo à noite podemos assistir a uma representação muito singular da Mui Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, em Bravães, no concelho de Ponte da Barca.

É um momento muito especial. Em primeiro lugar porque envolve mais de uma centena de pessoas, todas de Bravães. “São 46 atores e 20 a 26 figurantes. Há ainda um grupo de mulheres da Freguesia de Bravães com o “ementar às almas”, o evocar das almas.

Inicialmente, na cultura Celta, era em Novembro, o mês das almas. Depois, a Igreja passou para a Quaresma. O coro abre o espetáculo. Depois há o Grupo Coral de Bravães, na altura em que Cristo segue o caminho do calvário, cantam uma música com muitas dezenas de anos”.

A descrição é de Jaime Ferreri. É o encenador e o mentor do projeto que começou em 2002, com a organização da associação cultural Canários de Bravães.
“Tenho alguns atores fantásticos. Representam como se estivessem a sentir aquilo. O exemplo maior será o de Cristo. Pelo papel importante, mas também pela entrega. Três a quatro meses antes começa a deixar crescer a barba.

Ele é enfermeiro no hospital de Viana do Castelo e algumas pessoas conhecem-no e começam a dizer-lhe: então senhor enfermeiro, já são as barbas de Cristo”.
Outro motivo por se tratar de um momento especial é a representação ser em frente da igreja de Bravães, classificada de Monumento Nacional.

O fantástico portal de pedra com cinco colunas, completamente decoradas com figuras, é o cenário de fundo.
A representação também aproveita o enquadramento natural e algumas árvores que estão no adro. Um efeito que ganha mais força cénica porque Jaime Ferreri adaptou a peça de teatro de meados do século XVI e da autoria do padre Francisco Vaz.

A inspiração foi o filme o Evangelho Segundo S. Mateus, de Pier Paolo Pasolinia. “Adoptei a forma dos actores contracenarem entre si. É uma peça de teatro, mas também pode ser visto como um filme, Começa com a denuncia de Cristo, depois a Paixão, até à morte. É uma peça em movimento.”
O testemunho da representação já passou de pais para filhos.

Todos os atores estão vestidos com trajes de época. Uma das cenas mais dramáticas é quando Cristo é pregado à cruz e depois as três cruzes, bem altas, são içadas pela força de vários homens.
O espetáculo tem a duração aproximada de duas horas.
Foi construída uma bancada para o público assistir de forma mais cómoda.
A entrada é livre.

A singular representação pascal da Paixão de Cristo em Bravães faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.