Azulejos padrão nas paredes laterais e painéis com a representação de figuras religiosas na enorme e espetacular fachada tornam singular e harmoniosa a Igreja Matriz de Santa Marinha de Cortegaça.
É ponto de paragem obrigatória e cenário de fundo para fotografias.
Dos vários tons de azul que a iconografia religiosa retrata as portas do céu, certamente vamos encontrar alguns na fachada da Igreja de Santa Marinha de Cortegaça revestida a azulejos.
Todos em tons de azul e branco.
Tons suaves de harmonia e gastos pelo tempo.
Os painéis estarão a fazer um século. Foram colocados na parte final da construção da igreja que teve a primeira pedra em 1910 e foi inaugurada em 1918.
Os azulejos são da Fábrica de Louças das Devesas e eram pintados no atelier Badessi.
No testemunho do Padre Manuel Dias da Silva, os azulejos começaram a ser colocados “próximo de 1923. Iam avançando conforme o dinheiro das pessoas.
Os azulejos foram feitos numa fábrica de Gaia e conforme a remessa, assim eram colocados.”
Os painéis figurativos de maior dimensão representam S. Pedro e S. Paulo. Em tamanho menor, S. Vicente de Paulo e S. Francisco de Assis.
Ao lado da porta principal vemos mais dois conjuntos, sobre o Sagrado Coração de Jesus e de Maria.
A igreja tem duas torres sineiras e cada uma tem ainda um relógio. A cobertura das torres é também revestida de azulejos, assim como o frontão. Uma ou outra parte precisa de restauro.
“Os azulejos da fachada frontal são os originais. A igreja foi classificada de Interesse Público e nós não podemos fazer nada. Foi feito um orçamento e é muito dinheiro.”
O Padre Manuel Dias da Silva é um profundo conhecedor da igreja. Por um lado, é pároco em Cortegaça há muito tempo desde 1975, por outro lado, sempre dedicou muita atenção ao património da igreja.
No interior destaca dois painéis em azulejos muito bonitos. Um deles, a Última Ceia, está degradado.
O outro, também colocado na capela-mor, do lado direito, é a Pesca Miraculosa e inspira-se num quadro de Rubens.
“Veem-se os pormenores das mãos e com uma perfeição muito grande. Há também um painel de Cristo ressuscitado que é muito bonito.
Foi no âmbito de uma reforma que realizámos e onde gastámos muito dinheiro. Ficou mais ou menos como queríamos e como as pessoas gostam.
É aqui que celebramos a Eucaristia, os sacramentos do batismo, do matrimónio. Aqui se reza, aqui se chora… cada um dentro do seu espírito sabe que está na presença de Deus.”
Um lambril de azulejos percorre as paredes brancas. “São de xisto, grossas, com mais de um metro de largura. Em 1995 a igreja foi ligeiramente reformulada.
Substituímos o teto que estava a cair e foi colocada uma abóboda em cimento. Pintámos também no teto todas as imagens dos Apóstolos.”
A igreja substituiu uma outra que foi demolida e tem amplo espaço em frente. Uma alameda de palmeiras direciona o nosso olhar para a fachada da igreja. Muitas pessoas ficam surpreendidas com a beleza e imponência da igreja.
“Muita gente. Todos os dias. Tenho pena de não ter a igreja aberta. Para isso, teria de ter alguém para fazer o acolhimento e a vigia. Acresce uma verba que nós não temos.”
Alguma da informação sobre a igreja de Cortegaça foi recolhida da publicação “Arte & documentação da antiquíssima paróquia de Cortegaça” da autoria de Sofia Nunes Vechina e editada nas celebrações do centenário da igreja matriz em 2010.
Igreja azul e branca de Santa Marinha em Cortegaça faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.