Um dos jardins portugueses que esteve sempre associado à imagem de uma cidade é o Jardim do Paço de Castelo Branco.
Também é designado por jardim de S. João Baptista e tem inúmeras estátuas de reis, figuras religiosas e relacionadas com a natureza. É um dos ícones da cidade.
As estátuas estão dispersas ou alinhada ao lado de longas escadarias. O jardim tem ainda painéis de azulejos, muitos desenhos e recortes feitos com a arte dos jardineiros.
A água está presente em quase todo o lado. Em repuxos, lagos, um jardim alagado e até um tanque onde o clero andava num pequeno bote. Quase tudo tem um significado simbólico associado à fé.
O jardim é de estilo barroco. É uma iniciativa do Bispo da Guarda, D. João de Mendonça, em 1720.
Todos estes elementos fazem do jardim um dos lugares mais procurados pelos turistas. Com frequência há excursões. Os residentes em Castelo Branco e nesta região visitaram uma ou duas vezes e não regressam.
O acesso é pago e inibe os locais. Por exemplo, José Santos já nem se lembra bem de quando visitou o Jardim. Talvez quando fez o serviço militar em Castelo Branco. Encontrei-o sentado num banco mas no Parque.
No mesmo espaço ponde passava Manuel Torres que viveu sempre na cidade e diz que a última vez que visitou o Jardim do Paço foi quando namorava. Isso foi há cerca de 60 anos.
Os locais preferem o jardim que fica em frente. O Parque da Cidade e que também fazia parte da propriedade do Bispo.
Era a quinta e o bosque e até mandaram construir um passadiço por cima da estrada para haver comunicação directa entre a quinta e o Jardim do Paço.
Há mais de um século que está aberto ao público e já passou por várias transformações. A última foi há cerca de uma década apostando em zonas de lazer e recreio.
Tem muitos espelhos de água, repuxos, água a correr por escadas de pedra, um parque infantil. No entanto, Manuel Torres gostava mais do jardim na versão anterior com o cinema ao ar livre e o arvoredo que cobria todo o espaço.
Pelo testemunho de Manuel Torres, no passado era bem perceptível a divisão social dos jardins. De um lado o do Paço, do outro lado, o do povo. “O cinema era ao ar livre, num anfiteatro com um palco onde também se faziam espectáculos. Cheguei a assistir a um com Amália Rodrigues. Havia muitos concursos de vestidos de chita.”
O palco já não existe, mas continuam os ciprestes que marcam a fronteira entre os canteiros com flores e o verde dos passeios pedestres.
Castelo Branco – os jardins do Paço e do Povo faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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