Janeiro de Cima é um tesouro que brilha com o ocre do xisto. Ruas estreitas com pedra escura e inúmeras casas de xisto que foram restauradas transformam a aldeia numa jóia do património das serras que acompanham o Zêzere.
Janeiro de Cima faz parte da rede das Aldeias de Xisto mas também podia integrar a das Pedras Rolantes porque aproveitam igualmente os seixos do rio para a construção de casas e muros.
De manhã ou ao entardecer a luz dourada dá mais encanto ao casario e estimula um passeio à descoberta de uma comunidade que vive isolada. O centro era o largo da Igreja Velha que é do século XVIII.
Foi a partir daqui que a aldeia cresceu com ruas estreitas e num labirinto medieval que recentemente ganhou nova vida
O dia a dia em especial no Verão é para ser passado na praia fluvial. Fica ao lado da povoação e percebe-se facilmente que estamos a chegar devido ao barulho de uma pequena queda de água.
É um açude por onde se pode caminhar para a outra margem e ver com mais profundidade o Zêzere a esconder-se entre vales profundos. Temos também uma visão de conjunto de Janeiro de Cima.
A montante do açude é um lençol de água, muito calmo, que reflecte as árvores que estão nas margens e na encosta da serra com dezenas de metros de altura.
Todo o ambiente ajuda a criar um refúgio ao calor do Verão ou a ser um espaço de fuga e contemplativo nos dias em que não há o rebuliço dos visitantes.
A praia tem várias estruturas de apoio e um relvado à beira rio.
Em algumas épocas do ano vale a pena aproveitar as barcas e dar um passeio pelo rio acima. As barcas eram usadas para atravessar o rio e quebrar o isolamento da aldeia.
Ao lado da praia há um pequeno dique que leva a água para a roda que transportava a água para regar os terrenos.
Manuela Latado é presidente da Associação de Solidariedade Social, Recreativa, Cultural e Desportiva de Janeiro de Cima. Refere ainda que a aldeia começa a ser muito visitada, principalmente ao fim de semana e que já existe uma boa oferta de alojamento.
No século passado a principal actividade económica era a agricultura. Agora o cultivo da terra é apenas para consumo familiar.
A pastorícia já não existe e outras actividades tradicionais desapareceram.
No presente pretende-se salvaguardar a das tecedeiras com tradição no linho. Em Janeiro de Cima ainda há algumas tecedeiras e de forma a preservar este património foi criada a Casa das Tecedeiras. Fica no centro histórico que foi recuperado, tem teares artesanais e outros instrumentos usados pelas tecedeiras.
Uma funcionária produz vários tecidos que estão em exposição. Os trabalhos em linho são feitos por encomenda. A rotina é a produção de tapeçarias.
O acesso a Janeiro de Cima e Janeiro de Baixo não é muito difícil apesar das curvas da serra. A devastação provocada pelos incêndios é que torna o percurso mais “pesado”.
Próximo de Janeiro de Cima, na estrada nacional 238 para o Fundão, a sede de concelho, não se pode perder o Miradouro da Sarnadela que tem uma vista magnifica das várias serras e do Zêzere a serpentear o vale junto a Janeiro de Cima.
Janeiro de Cima é bonito todo o ano faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
Roteiros pelas Aldeias de Xisto
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