Pescadores de Ílhavo ou Ovar fundaram colónias no litoral, como a Costa da Caparica

Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico; Orlando Ribeiro

Muitos banhistas assistem com frequência à faina da pesca nas praias da Costa da Caparica.

Barco a ser empurrado até quebrar a onde. Para deslizar facilmente a embarcação é rasa em baixo
Barco a ser empurrado até quebrar a onde. Para deslizar facilmente a embarcação é rasa em baixo

É uma arte secular e a arte Xávega até foi registada no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. É uma técnica de pesca tradicional por arrasto que é realizada em várias zonas costeiras.

Um cabo da rede fica em terra
Um cabo da rede fica em terra

Deixam um cabo da rede em terra e no regresso da embarcação trazem a outra ponta. A rede é depois puxada. Antes era por pessoas, agora é por tratores.

Esta forma de pescar é secular e o conhecimento é transmitido de geração em geração. Foi assim que Francisco Martins aprendeu.
O senhor Xico, como é conhecido na Costa da Caparica onde nasceu, dedica-se à arte Xávega há mais de 4 décadas. Agora está reformado do Aquário Vasco da Gama onde também lidava com a vida marítima.

Francisco Martins
Francisco Martins

Vai à pesca num barco que é dos filhos e testemunha que agora as embarcações são muito mais pequenas.

Trator pessoal do grupo de pescadores aguarda a chegada do barco
Trator pessoal do grupo de pescadores aguarda a chegada do barco

Como a força motriz deixou de ser a humana, com os remos, e passou a ser com um motor, a tripulação é menor.

A força humana é agora complementar para puxar a rede
A força humana é agora complementar para puxar a rede

Outra mudança nestas quatro décadas é o tamanho das redes. Antes eram cerca de 20 pessoas que puxavam as redes. Agora são os tratores o que facilita o trabalho e permitiu aumentar o tamanho das redes.

Pescadores e banhistasHá vários grupos a dedicarem-se à arte Xávega na Costa da Caparica. Uma das situações que se vê com muita frequência é um amontoado de banhistas quando as redes são puxadas para o areal.

O pescado desta tarde
O pescado desta tarde

Muitos não resistem à curiosidade e só importunam. Dificultam a acção dos tratores e, confessa o senhor Xico, por vezes alguns colegas ficam irritados porque não conseguem apanhar o peixe. No entanto, a maioria já se habituou à curiosidade das pessoas e encara com alguma naturalidade.

Sardinha e carapaus
Sardinha e carapaus

A maioria do pescado é sardinha e carapaus. Por vezes também aparecem robalos e corvinas. Nos últimos anos é menor a quantidade de peixe.

Quase todo o pescado é vendido mas a preços baixos para o pescador. Este é um dos motivos porque são poucos os pescadores que se dedicam a tempo inteiro à arte Xávega.

Barco de arte xávega no mar
Barco de arte xávega no mar

Alguns suspendem a actividade no Inverno. Como o rendimento não é suficiente arranjam outros empregos e a pesca de arte Xávega é uma atividade complementar. Esta é a situação da maioria das pessoas na Costa da Caparica que se dedicam a esta arte.

Barcos de arte xávegaOs barcos têm desenhos coloridos e muitos deles estão no areal junto a redes e instrumentos de pesca

site_caparica_8443Caparica com praia e arte registada faz parte do podcast semanal da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A emissão deste episódio, Caparica com praia e arte registada, pode ouvir aqui.
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