É interessante como estamos juntos da cidade de Castelo Branco e ao mesmo tempo sentimos uma profunda ligação telúrica e nos envolvemos num ambiente natural, quase selvagem, rude.

“A crueza deste parque representa bem a crueza da região. Eu não sou de cá e o que me apaixona é precisamente isso, é muito cru e natural.

O parque espelha essa mistura entre a beleza, a diversidade e a crueza, no sentido mais belo, da fauna e da flora da região. A descrição é de Rita Bravo que visitava o Parque do Barrocal pela primeira vez.

O Parque tem cerca de 40 hectares onde dominam enormes blocos de pedra que fazem parte do Maciço Granítico de Castelo Branco e que se constituíram há milhões de anos. Estavam a uma profundidade de 30 Km e agora estão expostos devido a movimentos tectónicos. É mais uma expressão da força telúrica.

Para tirarmos melhor proveito da vista ao longo do percurso construíram 7 mirantes, passadiços, trilhos e observatórios de aves, como é exemplo o Observatório dos Abelharudos, uma estrutura de madeira com dois pisos e que nos oferece uma visão de 360 graus.

Observatório dos Abelharudos

Há várias espécies de aves a aproveitar este paraíso ecológico, são mais vistosas na Primavera, mas também há algumas que passam aqui o Inverno.

É outra particularidade do parque, “acho incrível que tenham preservado este espaço de beleza com fauna e flora autóctone. É um belo exemplo que representa bem a região de Castelo Branco e da Beira Baixa. Está muito bem preparado. Gostei de como integraram as estruturas no meio ambiente e é um belo cartão de visita para Castelo Branco.”

O que mais sensibilizou Rita Bravo não foram as construções, o que o homem criou, mas antes, o que preservou. Nomeadamente manchas de carvalhal-negral ou carvalho-pardo-das-beiras. “Gostei muito de ver a preservação de floresta de caravalhos. É algo que está a desaparecer na região e a ser substituído por outro tipo de culturas. É verdade que são de uma única espécie, mas já é raro encontrar em grande quantidade como se vê aqui.”

Nos 7 mirantes observamos largas extensões destes carvalhos, outros estão entre as rochas, ao lado dos trilhos ou das construções de madeira que nos orientam, como é o caso do Túnel Lagarto.

Há ainda uma ponte suspensa e vestígios arqueológicos reveladores da ocupação humana dois milénios antes de Cristo.
No presente a ocupação humana regista-se essencialmente no espaço urbano, em santuários no alto dos montes, ou na crueza da raia, para utilizar uma expressão de Rita Bravo.

Ela também subiu a alguns mirantes, penedos que funcionam como anfiteatros naturais. “Gostei. É bom sentir que no parque ainda se respira essa floresta original e dá para perceber a vida natural pela quantidade de pássaros. E mesmo ao lado da cidade. É um privilégio para quem mora aqui poder usufruir deste espaço. Estar em plena natureza e usufruir de um certo silêncio, o silêncio que a natureza nos trás.”

A entrada é gratuita, o parque encerra à segunda-feira e evite visitar em alturas de calor abrasivo.

O Barrocal está integrado no Geoparque Naturtejo e na Reserva da Biosfera do Tejo Internacional.

Observatório dos Abelharudos

Os passadiços e mirantes do Parque do Barrocal mesmo ao lado de Castelo Branco faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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