Uma visita ao News Museum é uma viagem no mundo frenético dos media “onde todos terão seus quinze minutos de fama”.  É também um mergulho, numa cadência de instantes, em acontecimentos que marcam as nossas vidas.

O News Museum está em Sintra e é o oposto do ambiente natural que o rodeia. O museu é estridente, frenético e cacofónico. “Completamente, porque o mundo dos media é assim”.

Assertivo, Rodrigo Moita de Deus, director do News Museum, acrescenta que o universo dos media “é feito muito de escolhas e de estímulos.” Por isso,  “quisemos que fosse um museu onde as pessoas tivessem de escolher para onde queriam olhar e depois quisemos transmitir essa confusão de estímulos sensorial que é o mundo dos media. Som,  imagens, ruído, barulho, palavras, discursos…

Essa confusão que hoje faz parte do nosso dia a dia quisemos retratá-la num único edifício. Costumámos dizer que se as pessoas saírem daqui sem estarem um pouco zonzas é porque fizemos um mau trabalho. Não fomos capazes de retratar a era dos media.”

O edifício de vários pisos guarda memórias do último século contadas em imagens, noticias, manchetes e frases que nos ficaram no ouvido. Momentos que marcam a vida de várias gerações e, nesse sentido, é um museu de família.

“São os momentos mais mediáticos, alguns dos quais bem vivos na nossa memória. Desde as Torres Gémeas até à vitória de Portugal no Euro.

Temos tudo isso aqui sempre contado de forma interativa e sempre com o principio de que as pessoas podem tocar, ver, sentir e viver de novo esse momento.”
De modo a garantir essa continuidade de memórias e sensações Rodrigo Moita de Deus refere que “o museu tem-se atualizado de forma permanente com acontecimentos a serem contados com a cobertura mediática que foi feita deles.”
Guerras, tragédias, gaffes, gente que nos passou a ser familiar, a indústria do espetáculo, as vitórias e ídolos do desporto como Eusébio e Ronaldo….


Há uma grande diversidade de temas, rostos, sons e recriações. É exemplo o estúdio do Rádio Clube Português onde na madrugada de 25 de Abril de 1974 se divulgaram as senhas e comunicados da revolução.

O museu está divido em módulos e houve a preocupação de aprofundar a abordagem do respetivo tema. “Cada um destes módulos teve um ou mais curadores que nos aconselharam e produziram conteúdos connosco. É exemplo a sala de Jornalismo de Guerra onde tivemos José Rodrigues dos Santos.”

Em alguns casos a abordagem é enriquecida com o testemunho de protagonistas de forma a valorizar o enquadramento, “por exemplo o Rádio Clube Português. Temos o Joaquim Furtado a fazer um longo depoimento de como foi aquela noite e como como foi vivida nos estúdios e em todo o país.”

O frenesim dos media não se fica por Portugal. Muitos destes acontecimentos são narrados de forma transversal. “O que se passava lá fora e que nos influenciava aqui e muitas vezes o que se passava em Portugal também influenciava lá fora. Falamos da Guerra Civil espanhola e retratamos o caso português.

Ou a guerra do Vietname, onde fazemos uma comparação entre a cobertura da guerra do Vietname e o que foi a cobertura da guerra colonial portuguesa. As pessoas ao verem as imagens notam o contraste. Não é preciso grandes explicações. Temos de um lado os jornalistas e repórteres de imagem   a fazerem a cobertura do outro lado da trincheira e a da guerra colonial são soldados a mandarem beijinhos pelo Natal.”

Rodrigo Moita de Deus, director do News Museum

Em muitas histórias também nós fazemos uma reconstituição de alguns momentos das nossas vidas.
A exceção é no recurso a tecnologia de realidade virtual que nos projeta para o futuro e onde, curiosamente, não se sente a estridência ou cacofonia.
“É a parte mais especulativa porque todo o museu é feito com o cuidado de não ter juízos em cima dos factos que retratamos ou que estamos a exibir. O futuro é o único módulo especulativo e é obrigatoriamente calmo para apelar à reflexão das pessoas.”
Bem contrastante com os outros módulos. Calma e reflexão não são os atributos do presente com a vertigem do imediato.

O espetáculo dos media no News Museum em Sintra faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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