As ruínas do Sanatório Albergaria provocam um misto de fascínio e intriga porque o edifício nunca foi acabado. Está adormecido numa encosta do monte do Cabeço de Montachique, próximo de um excelente miradouro com um baloiço, na freguesia de Lousa, concelho de Loures.
Do miradouro ou da estrada temos uma vista geral e dá para perceber que no interior da construção as paredes formam uma estrela de sete pontas.
Um olhar desatento é levado a concluir que se trata de um edifício fortificado devido às torres laterais.
Na verdade, a construção em pedra visava ser um sanatório.
Faz agora pouco mais de um século, quando a tuberculose provocava mortandade em toda a Europa.
Relata o jornal Século, em Abril de 1919, quando do lançamento da primeira pedra, (e citado aqui ) que “o sanatório ocupará uma área de 3.000 metros quadrados, incluindo os jardins e ficará a meia encosta do cabeço, a uma altitude de 200 metros”.
O propósito de um lugar arejado talvez fosse o motivo que explique a grande quantidade e tamanho muito grande das janelas.
No entanto, as divisões seriam estreitas, como se pode deduzir do espaço reduzido das pontas da estrela. Convergem para uma zona de passagem que dá acesso à entrada principal.
Muitas paredes mostram sinal da erosão. Várias plantas, em especial trepadeiras, cobrem paredes, circundam a cantaria das janelas e dão mais beleza ao lugar.
O futuro das ruínas é incerto, em coerência com a história do projeto.
Foi uma iniciativa de um grupo maçónico onde se destacava Francisco Grandella.
A estrela fazia parte de construções mandadas fazer pelo dono dos famosos Armazéns Grandella, no Chiado, em Lisboa.
Em várias escolas e num bairro operário de Benfica a estrela (de cinco pontas) é visível nas fachadas e está associada a um simbolismo maçónico.
No caso do Sanatório Albergaria, era este o nome desejado, o espírito de fraternidade ficou a meio porque o edifício nunca foi acabado. Visava apoiar doentes com tuberculose, mas a falta de investimento e a vacina (BCG) suspenderam a construção.
Hoje é propriedade privada.
Apesar de sucessivos projetos nunca foi adaptado para outros fins. Em 2020 foi colocada em discussão pública a possibilidade de demolição das ruínas, o que originou uma petição com o objetivo de preservar a atual construção.
As surpreendentes ruínas do Sanatório Albergaria próximo de Lisboa faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.