Um anfiteatro natural, formado por um declive de 250 metros, tem no centro uma cascata imprevisível. É de aproveitar a época das chuvas, se não, tem ir à Gruta da Velha ver a nascente de água.
Nas serras de Aires e Candeeiros temos algumas das mais espetaculares grutas em Portugal, encontramos paisagens áridas, muros reluzentes de pedras arredondadas de calcário, mas a Fórnea
é caso único.
De uma forma simples, imagine uma serra onde uma colina, com mais de meio quilómetro de diâmetro, abate cerca de 250 metros de altura. O declive formou um anfiteatro natural com encostas acentuadas.
Temos uma visão de conjunto do alto, em Chão das Pias. Daqui apercebemo-nos da enorme dimensão da Fórnea e de como ganhou uma vegetação densa.
A visita a partir de Alcaria, da parte mais baixa e que funciona como a porta do anfiteatro, leva-nos à descoberta dos recantos.
Após uma pequena caminhada deparamos com uma queda de água de pedra e de forma arredondada. Mas, temos de escolher bem a data da visita porque o fluxo de água do ribeiro da Fórnea varia muito ao longo do ano.
Tem de chover bem e de forma continuada para se ver a queda de água com pujança, como explica Jorge Figueiredo, responsável pelo património cultural do Município de Porto de Mós:
“A Fórnea é o ponto onde nascem parte das linhas de água que alimentam a bacia hidrográfica do rio Lena. Depois de chover muito e nos dias de máxima pluviosidade conseguimos ver uma série de cascatas à superfície, mas a maior parte do tempo, basta uma semana ou duas sem chover para deixarmos de ver a água à superfície. Circula tudo em galerias subterrâneas.”
Devido ao maciço calcário a água infiltra-se no solo e, por vezes, conseguimos ver apenas um fio de água a seguir um percurso muito inclinado. Outras vezes não se vê também devido à vegetação.
A alternativa, como testemunha Jorge Figueiredo, temos de subir até meio da encosta, por um caminho que exige algum esforço e entrarmos na gruta da Cova da Velha para vermos “a nascente do ribeiro da Fórnea. É designado de rio Alcaide quando chega à vila com o mesmo nome e depois junta-se ao Lena, que nasce noutro ponto, e que é alimentado também pelo mesmo sistema hídrico. Normalmente a gruta tem sempre água mas poderá não estar à superfície. Poderá obrigar-nos a entrar na galeria subterrânea por onde circulam quantidades de água muito importantes.”
A galeria tem quase 500 metros de extensão.
Apesar de não ser visível a água está muito presente e foram as nascentes de água que “esculpiram a Fórnea. Por um fenómeno cársico, de dissolução do calcário.”
O subsolo calcário da Fórnea é um exemplo levado ao extremo do ditado popular de água mole em pedra dura tanto bate até que fura e, no caso, provocou uma depressão com cerca de 1km de diâmetro! O acesso por Alcaria é através de um caminho de cerca de 1km e quando chegamos perto da Fórnea vemos de imediato o enorme anfiteatro.
Uma silhueta arredondada que esconde a luz e dificulta as fotografias ao final do dia. As formações calcárias surgem desgastadas, em pequenos declives e contrastam com as encostas carregadas de verde escuro. Há vários percursos pedestres e o acesso é fácil.
A Fórnea está inserida no concelho de Porto de Mós e é um dos geossitios mais interessantes do Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros
É por estes dias que a cascata da Fórnea é mais previsível faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio: