Chamam a Freixo de Espada à Cinta a Vila Manuelina. Um dos expoentes máximos dessa época é a igreja Matriz também conhecida como igreja de S. Miguel.
Foi construída no inicio do século XVI aproveitando um antigo templo gótico. A fachada é austera, tem apenas sinais decorativos no portal de entrada mas destaca-se de imediato na praça Jorge Álvares devido à sua monumentalidade.
Assim se explica porque levou quase um século a ser construída.
A ambição era ser elevada a catedral tal como a sua vizinha Torre de Moncorvo mas perderam a graça real porque D. João III escolheu Miranda do Douro.
Freixo de Espada à Cinta não foi elevada a cidade mas ficou com uma igreja monumental e inovadora, introduziu em Portugal o estilo de igreja salão,
Conforme salienta o historiador Nelson Rebanda este estilo é introduzido no nosso país por um conjunto de três igrejas. “O expoente máximo é a igreja de Santa Maria Belém no Mosteiro dos Jerónimos. Outra que terá sido construída na mesma altura é a de Freixo de Espada à Cinta”.
A vila era ponto de acesso ao resto da Europa “e era por aqui que passavam as novidades em termos de arquitectura”.
Este modelo de igreja de salão tem as naves laterais praticamente à mesma altura da nave central. Ainda na explicação de Nelson Rebanda, a origem é na Alemanha, na Idade Média, no inicio do século XV.
A Portugal só chegou no principio do século XVI com as igrejas de Freixo de Espada à Cinta, nos Jerónimos e em Arronches. Depois irradiou para outros lugares”.
A pioneira igreja de Freixo de Espada à Cinta vê depois replicado o seu estilo por exemplo em Torre de Moncorvo e Miranda do Douro. Nelson Rebanda defende a tese de que estas três igrejas eram concorrentes na ambição de serem a catedral do nordeste transmontano.
De certa forma, Freixo de Espada à Cinta foi mesmo pioneira em relação à igreja dos Jerónimos, seguindo o percurso do mestre João de Castilho que nasceu na Cantábria. “João Castilho foi o grande mestre da obra em Freixo de Espada à Cinta e foi depois gerir o estaleiro dos Jerónimo.
É espanhol, casou no Freixo onde teria chegado como jovem arquitecto com cerca de 30 anos. Fez quase toda a sua carreira profissional em Portugal.”
Seguindo o estilo pioneiro de igreja salão as três naves da igreja de S. Miguel têm praticamente a mesma altura. O interior também é sóbrio e o que se destaca é o retábulo da capela mor já de estilo barroco, após uma reforma realizada no século XVIII. No entanto, subsistem 16 painéis da escola Grão Vasco.
A igreja está classificada como Monumento Nacional.
Existem muitos outros monumentos na praça principal que rivalizam a atenção.
Um deles é um freixo, com mais de 550 anos e com uma espada presa por uma cinta. Está a meio da subida para o castelo e a Torre do Galo que oferece uma excelente vista da vila.
O castelo está classificado como Monumento Nacional. Foi edificado no final do século XII e no século XIX passou a cemitério municipal.
A Torre do Galo tem 25 metros de altura foi construída no século XIV e foi a única que sobreviveu do conjunto de torres que englobavam a forificação.
Na praça destaca-se ainda a igreja da Misericórdia. É contemporânea da igreja Matriz, de 1525, e é também de estilo manuelino. Nas ruas e casario encontram-se muitos outros elementos de estilo manuelino e também da presença judaica em particular nas cantarias das janelas.
A ver ainda o Convento de S. Filipe Nery, o Museu da Seda e do Território e o Museu Casa Junqueiro que está sediado na casa do pai do poeta Guerra Junqueiro que nasceu em Freixo de Espada à Cinta em 1850.
Competição para a catedral transmontana: candidata nº1, Freixo de Espada à Cinta faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:
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