O Manego e a manega vão altanar amatrix e ter um gilfo.
Estas são algumas expressões da gíria de Quadrazais e que, em tradução livre, querem dizer: o homem e a mulher vão casar amanhã e ter um filho.
A gíria de Quadrazais era uma forma de comunicar entre os habitantes, há pouco mais de 60 anos, quando faziam contrabando para Espanha.
Quase todas as pessoas desta localidade do concelho do Sabugal se dedicavam ao contrabando. A aldeia está a uma dezena de quilómetros da fronteira.
Muitas famílias andavam meses até ao Minho e Trás os Montes ou para Sul até ao Alentejo a buscar produtos que depois levavam para Espanha.
No regresso traziam outros objectos, alguns escondidos no corpo e este é um dos motivos porque este tipo de actividade se chamou “contrabando de barriga”. O contrabando na Raia foi uma importante actividade económica para famílias com poucos recursos que conseguiam recolher algum dinheiro para ultrapassarem as dificuldades do dia-a-dia ou para ajudar a pagar as despesas num evento especial como o casamento de um(a) filho(a).
Relativamente próximo, na fronteira de Penamacor, muitas famílias faziam o mesmo e seguindo as mesmas práticas.
No caso de Quadrazais havia ainda quem fizesse de passador de emigrantes e até de pessoas perseguidas pelo anterior regime.
A gíria de Quadrazais tinha apenas um suporte oral e encontram-se alguns levantamentos com registo escrito deste linguajar que hoje vive apenas de palavras soltas.
Em Quadrazais pode ver ainda algum património edificado. A maioria é de cariz religioso.
No Verão pode-se tirar partido da praia fluvial no Rio Côa e há a Capeia Raiana. Quadrazais tem uma praça de toiros desde 2015.
O património natural é igualmente relevante tendo em conta a proximidade com a Serra da Malcata.
Pode ouvir o programa Vou ali e já venho sobre Quadrazais aqui
Amatrix atro luso (amanhã é outro dia)
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