Monfortinho é conhecida pelas Termas mas para os espanhóis é pelo “bacalao”. É assim que eles dizem quando vão aos restaurantes de Monfortinho.
Depois de atravessarem a fronteira do rio Erges encontram vários restaurantes que têm um menu muito diversificado de pratos com o “fiel amigo”.


No restaurante Fontela (entretanto encerrou *) a oferta de bacalhau é muito variada e a aposta é o Bacalhau à Casa, com uma fatia enorme.

Bacalhau à Casa no restaurante Fontela
Bacalhau à Casa no restaurante Fontela

Só para este prato compram, no mínimo, 10 caixas por fim de semana e cada caixa tem uma dezena de postas. Filomena Santiago diz que estão a diversificar a oferta com outros pratos e, por exemplo, “os espanhóis estão  aderir muito bem ao arroz de bacalhau”.

No restaurante do Clube de Tiro a aposta é o Bacalhau na Telha.

Bacalhau na Telha do restaurante Herdade do Clube de Tiro
Bacalhau na Telha do restaurante Herdade do Clube de Tiro

Laura Lopes, uma das proprietárias, diz que o prato está a ter grande sucesso e que vendem cerca de meia centena de doses (cada uma dá para duas pessoas) ao fim de semana.

Cada um destes restaurantes compra por ano mais de 5 toneladas só deste tipo bacalhau.
É para saciar o apetite dos espanhóis. Filomena Santiago diz que no Fontela 98% da clientela é espanhola.

Um grupo de espanhóis no Fontela
Um grupo de espanhóis no Fontela

Muitos já têm uma relação com os proprietários e os empregados como se fossem de família. Não são apenas da zona vizinha da fronteira. A proveniência é muito para lá da raia. Têm clientes espanhóis de Cáceres (que gostam muito de rancho e molotoff), de Madrid e do País Basco….

Restaurante Herdade do Clube de Tiro
Restaurante Herdade do Clube de Tiro

Laura Lopes, do restaurante Herdade do Clube de Tiro, que também tem mais de 90% de clientes espanhóis, acrescenta que é importante a qualidade da comida e do serviço. “O espanhol, se gosta, é cliente que faz publicidade e passa a palavra. Muitos vêm aqui por recomendação de amigos que, por sua vez, já foram recomendados por outros”.

Cartaz à entrada da fronteira
Cartaz à entrada da fronteira

De modo a reforçar a “fama” da qualidade do “bacalao” servido em Monfortinho foi realizada a “Semana do Bacalhau”. A iniciativa foi direcionada para os clientes espanhóis e a ambição é fazer das Termas de Monfortinho a “Capital do Bacalhau”.
Agora vão colocar um cartaz na entrada da fronteira, mesmo junto às Termas, com a referencia ao “bacalao”, tal como é dito pelos espanhóis.

Além da gastronomia as terras da raia seduzem também outros estrangeiros para a caça. Joaquim Moreira diz que a organização para onde trabalha consegue trazer por ano cerca de 300 estrangeiros. A maioria são italianos e procuram caça menor. Os franceses e os belgas preferem caça maior.

A agricultura no passado foi substituída por outras actividade que dinamizaram a economia local como por exemplo o contrabando.

Termas de Monfortinho
Termas de Monfortinho

Nas últimas décadas o turismo teve um forte crescimento com as Termas de Monfortinho e a beleza natural do rio Erges e de vários afluentes que no Verão são o encanto dos locais e visitantes.

“Gaivotas” do Clube de Tiro de Monfortinho

Um dos lugares preferidos são as “gaivotas” do Clube de Tiro de Monfortinho. Outros preferem as piscinas do Clube que estão envolvidas por um amplo relvado e sombras de árvores que reforçam o ambiente natural.

Clube de Tiro de Monfortinho
Clube de Tiro de Monfortinho

Quem preferir caminhar na herdade do Clube de Tiro tem muito para descobrir, desde animais selvagens, antigos olivais e pequenas praias fluviais completamente isoladas.

Nas Termas é também agradável o passeio ao lado do rio Erges.

Rio Erges
Rio Erges

Um ambiente sereno e típico de uma estância termal que aqui ganha mais conforto porque é um refúgio nos dias de calor.
Outro refúgio são as piscinas municipais. No ano passado tiveram 15 mil visitantes, dos quais, 90 por cento eram espanhóis.

O largo principal de Monfortinho
O largo principal de Monfortinho

Muito próximo fica a aldeia que deu o nome às Termas. Na verdade são duas localidades: Monfortinho e Torre.
Nas duas povoações entramos num espaço que revela ainda a ruralidade, a arquitectura tradicional das casas de pedra e também uma tradição que é rara no Continente: a festa do Bodo. Tem grande afirmação nos Açores com as festas do Espírito Santo.

O bodo de Monfortinho
O bodo de Monfortinho

Na aldeia de Monfortinho a origem terá a ver com o agradecimento da população às searas terem sido salvas de uma praga de gafanhotos. Os agradecimentos são à Nossa Senhora da Consolação e a praga terá ocorrido no final do século XIX. A tradição é organizar um farto almoço e oferecer a comida a quem aparece. Locais e visitantes.
Ver trabalho de investigação sobre o Bodo de Monfortinho.
O restaurante Fontela fechou em 2019.

No passado as termas de Monfortinho eram igualmente muito procuradas pelos espanhóis. Mais do que pelos portugueses e, pela narração de Andreia da Silva Almeida em O Termalismo na Raia Portuguesa: as Caldas de Monfortinho, publicado em Paisagens, Patrimónios e Turismo Cultural, uma empresa espanhola sediada em Cáceres chegou a oferecer sete constos de réis pelos terrenos. A autora cita um médico em meados do seculo XIX que denuncia o desinteresse das autoridades portuguesas. “A casa do Banho Públcio era pequena e acanhada, O clínico, tal como os restantes banhistas, devido à falta de recursos do local, seria obrigado a hospedar-se numa choça, construída por mato e coberta de colmo e folhagem, onde só era possível entrar e saír de joelhos…”

Ver Roteiros pelo concelho de Idanha-a-Nova

O bacalao das Termas de Monfortinho faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
*Actualizado em 2020 com encerramento do restaurante Fontela

O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:
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