O maior complexo industrial em Portugal e um dos maiores da Europa ainda tem testemunhos vivos no bairro operário que fica próximo das torres das fábricas.

A primeira unidade industrial foi inaugurada em 1908 e transformava óleo de bagaço de azeite em sabões. No ano seguinte a Companhia de União fabril, CUF, começou a produzir ácido sulfúrico. Um crescimento permanente que em meados do século passado empregava 8 mil pessoas.
Bairro Operário da CUF
Eram milhares as pessoas a entrar naquele portão na hora de almoço. As fábricas estavam todas a trabalhar. Havia muitos gases. Estas paredes estavam negras.” As palavras são de José Parreira, residente no bairro operário e trabalhou na CUF 34 anos, a maior parte do tempo como soldador.

José Parreira
José Parreira

Assistiu à crise na década de 70, com o choque petrolífero, que empurrou para o fim o colosso industrial. “Fecharam algumas fábricas. Pelos vistos só a dos óleos é que está a trabalhar. De resto está tudo desligado. É assim, tudo acaba.”

Entrada para o bairro e destaca-se "a messe dos engenheiros"
Entrada para o bairro onde se destaca “a messe dos engenheiros”

No bairro vivem poucos trabalhadores da CUF. Idosos e a maioria doentes. Residem em casas térreas. As maiores eram dos engenheiros ou para refeitórios – “é a messe dos engenheiros. Onde fazem ginástica era o refeitório1. Lá dentro era o refeitório 3”. Neste último era onde trabalhava a mulher de José Parreira.

Mausoléu de Alfredo da Silva
Mausoléu de Alfredo da Silva

Em frente está o mausoléu de Alfredo da Silva, o industrial que criou este império e que desejou ser sepultado no Barreiro. O mausoléu é uma estrutura enorme em granito, com 12 metros de extensão. No centro está uma pirâmide com sete metros de altura. Na base estão os restos mortais do empresário que faleceu em 1942.

Parte do mural de Vhils
Parte do mural de Vhils

No circuito industrial é ainda possível visitar a Casa Museu de Alfredo da Silva. Fica na rua da União. No caminho encontra um mural de Vhils que se estende pelo muro que dá acesso ao bairro operário.
No outro extremo do bairro, um dos pontos que faz parte do circuito, é a torre do relógio. Facilmente se dá por ela devido à altura, ao relógio e à cor rosa.

Entrada do antigo cinema
Entrada do antigo cinema

Outro edifício que se destaca é a actual Casa da Cultura. Foi o antigo cinema, construído na década de 40, e era uma das maiores salas de espectáculos a Sul do Tejo. A propriedade do antigo cinema é da Câmara Municipal e tem em curso projectos culturais designadamente de teatro.

Museu Industrial
Museu Industrial

O caminho até ao Museu Industrial leva-nos a percorrer algumas ruas que agora fazem parte do Parque Empresarial do Barreiro. O museu é um edifício grande, de cor amarela e com um pequeno jardim. Era a antiga Central Diesel e no interior podemos ver equipamento, documentos e imagens que reflectem a diversidade de industrias que faziam parte da CUF.

Torre do relógio
Torre do relógio

A Central Diesel é de 1935, de estilo Arte Nova, e fornecia energia eléctrica às fábricas têxteis. As visitas ao museu são por marcação.
Por último, próximo do Museu, fica o espaço Memória que reúne um vasto espólio documental.

Roteiro industrial da CUF no Barreiro faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:Af_Identidade_CMYK_AssoMutualistaAssinaturaBranco_Baixo

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