Sagres foi sempre um lugar especial. Espaço sagrado de várias civilizações, o fim do Mundo para uns ou o princípio da globalização.
Do Cabo de S. Vicente à ponta de Sagres cabem aqui todos os mitos, medos e glórias do confronto com o Oceano.
Até as aves, que estão agora a migrar para África onde vão passar o inverno.
Fazem uma paragem por respeito ao mar. “Muitas delas passam aqui uns dias à procura de orientação e da melhor oportunidade para seguirem para África”.
Ainda nas palavras de Alexandra Lopes coordenadora do Departamento de Cidadania Ambiental da SPEA, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, há ainda “outras que foram arrastadas pelos ventos e aguardam no Cabo de S. Vicente por melhor tempo para prosseguirem a viagem.”
Este é um dos motivos porque é a época indicada para se observarem várias espécies de aves em sagres. Nesse sentido a SPEA e outras entidades organizam nos próximo dias o Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza em Sagres.
Tem lugar de 10 a 13 de Outubro e aproveitam esta altura que corresponde ao pico da migração das aves que começa em meados de Agosto e termina em Novembro. “Podemos observar as aves residentes mas o que provoca maior sedução são as aves migratórias.
Em particular as de rapina como os grifos, águias de Bonelli e as cegonhas pretas”. Entre as aves marinhas, Alexandra Lopes destaca o alcatraz e as várias espécies de pardelas.
O principal ponto de observação das aves é muito próximo do Cabo de S. Vicente e é referenciado pelo marco geodésico da Cabranosa. “Todos conhecem o Cabranosa”. É um pequeno cume, mais elevado em comparação com a restante área de Sagres. “É bom sobretudo para observar aves planadoras e chegam a estar mais de uma centena de pessoas a olhar para o céu à espera das aves. Os estrangeiros fazem ainda passeios de barco para observação de aves marinhas.”
Quem tem poucos ou nenhuns conhecimentos mas sente curiosidade sobre o fascinante universo das aves tem uma oportunidade de se iniciar.
“São desenvolvidas atividades para iniciados onde são abordados vários tópicos introdutórios à observação de aves, como por exemplo, como se identifica uma ave, as melhores alturas do dia, que tipo de equipamento usar, que manuais se deve adquirir”… são ferramentas importantes no Festival mas insuficientes. Ainda na opinião de Alexandra Lopes, tem de se continuar e aprender com os outros. “A maior parte dos nossos grandes observadores de aves são autodidatas, aprenderam também com outros e foram adquirindo conhecimentos. Hoje são os guias que ajudam a formar novos observadores”.
O Festival realiza este ano a décima edição e tem muitas outras atividades que vão apara além da observação de aves como por exemplo a observação de cetáceos, repteis, borboletas noturnas, a flora e também o património cultural. Este ano acrescenta-se saúde e bem-estar. Há também passeios para observar baleias e golfinhos.
O programa do Festival pode ser consultado aqui e acompanhar na página do Facebook. A organização do evento é da Câmara Municipal de Vila do Bispo, em parceria com a Associação Almargem e a SPEA.
Durante o festival será apresentado o 1º “Guia de Aves do Concelho de Vila do Bispo e do Promontório de Sagres”.
Sagres: a escola do descobrimento das aves faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio: