O primeiro bolo rei feito em Portugal comemorou agora 150 anos. A receita chegou a Portugal pelo filho do fundador da Confeitaria Nacional, Balthazar Castanheiro Júnior, em 1869.

Documento do inicio da Confeitaria Nacional
Documento do inicio da Confeitaria Nacional

Leonor Amorim, gerente da Confeitaria Nacional, descreve-o como uma pessoa irreverente e muito viajada. Era muito curioso sobre doçaria e encontrou na Europa várias receitas que não existiam em Portugal.
Numa das viagens regressou a Lisboa com a receita do bolo rei e também com pasteleiros experientes na confeção de doçarias internacionais.

Exemplares de brindes que podem ser vistos na Confeitaria
Exemplares de brindes que podem ser vistos na Confeitaria

O bolo rei foi uma absoluta novidade em Lisboa, como também o brinde e a fava. “Os brindes eram muito engraçados e na Confeitaria há vários exemplares. Na altura em que se iniciou a produção do bolo rei era costume haver na Confeitaria uma árvore de Natal e colocavam como enfeite os brindes que depois saiam nos bolos. Eram trocados diariamente.
O bolo rei rapidamente conquistou a elite e popularizou-se com outras pastelarias a fabricarem o seu próprio bolo rei.

Bolo Rei da Confeitaria Nacional
Bolo Rei da Confeitaria Nacional

A Confeitaria Nacional mantém-se fiel à receita original, com as devidas adaptações, como a não colocação do brinde e da fava que foram proibidas há pouco mais de uma década por razões de segurança.

Interior da Confeitaria Nacional
Interior da Confeitaria Nacional

A receita original está guardada. A origem é de França. Só o dono da Confeitaria, a filha e um pasteleiro com quem trabalham há muito tempo é que sabem exatamente como é feito o bolo rei.
Leonor desconhece os segredos mas destaca algumas diferenças em relação ao bolo rei comum. Um dos segredos é a qualidade dos ingredientes, as frutas sem corantes e conservantes. É um processo demorado – demora quase um dia a preparar a massa, embora, só esteja no forno cerca de 25 minutos – e em outras confeitarias aceleram o tempo de preparação.

Carimbo antigo que está em exposição
Carimbo antigo que está em exposição

Os primeiros bolos rei foram confecionados na fábrica que funcionava junto às escadinhas do Duque. “A Fábrica” é hoje um hotel de charme e pertence ainda à família do fundador da Confeitaria Nacional.
Para agilizar o processo foi instalada uma linha telefónica entre a Confeitaria, na Praça da Figueira, e a fábrica na rua do Duque. Foram os primeiros telefones em Lisboa.
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O pioneirismo da Confeitaria vem desde a sua fundação, por Balthazar Roiz Castanheiro, vai fazer agora 190 anos. De certa forma, rompeu com o monopólio da doçaria que estava nas mãos dos conventos e foi uma grande novidade em Lisboa. Pela primeira vez havia um espaço comercial onde as pessoas podiam comprar doces. De doçaria tradicional e também algumas novidades cujas receitas eram recolhidas no estrangeiro, como foi o caso do bolo rei.

A reprodução na parede exterior do edificio de um dos prémios internacionais
A reprodução na parede exterior do edificio de um dos prémios internacionais

A Confeitaria obteve de imediato grande sucesso e até a graça da Coroa. Foi também galardoada a nível internacional e nas paredes do edifício podemos ver reproduções de alguns prémios.

Entrada para a Confeitaria Nacional
Entrada para a Confeitaria Nacional

A Confeitaria Nacional continua no prédio de origem e a decoração interior preserva algumas pinturas da sua traça original.
Aqui encontra uma leitura interessante da história do bolo rei.
A emissão deste episódio, O primeiro bolo rei em Portugal já tinha brinde, pode ouvir aqui.

O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:Af_Identidade_CMYK_AssoMutualistaAssinaturaBranco_Baixo

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