Salgueiro Maia desempenhou um papel fundamental na Revolução dos Cravos. É um dos rostos de uma das mais profundas mudanças na sociedade portuguesa no século XX.
Essa viragem súbita no nosso dia a dia é também simbolizada pelo Capitão de Abril na Escola Museu Salgueiro Maia no concelho de Coruche. É no lugar de São Torcato onde Salgueiro Maia iniciou os seus estudos na escola primária.
Ainda era uma criança e fazia muitas corridas com Florindo Brites. Eram vizinhos e brincavam muitas vezes na rua. Salgueiro Maia não gostava de futebol e preferia “corridas, subir à arvores e usar flechas”.
Tinham de improvisar e fazer os brinquedos. Nesta altura São Torcato tinha muita gente e a pobreza era dominante. Muitos miúdos iam descalços para a escola e com muito frio.
A escola onde andaram já não existe. A escola era uma antiga habitação e a mesa estava debaixo do vão da escada para o sótão. No entanto, a escola tinha muitos alunos porque reunia crianças das outras aldeias que também não tinham escola primária. A escola onde Salgueiro Maia e Florindo Brites andaram foi substituída por outra que esteve a funcionar até 1993.
É nesta antiga escola que Salgueiro Maia é o protagonista da mudança de regime, de mentalidade e, como é óbvio, também no ensino.
A escola primária do Estado Novo foi recriada com materiais recolhidos de várias escolas primárias do concelho. As fotografias de Tomáz e Salazar, o crucifixo, as carteiras com tinteiros brancos, as canetas de aparo, os livros e cadernos escolares e a maldita régua que aqueceu de dor as mãos de muita gente.
Quem visita a escola pode interagir com os materiais e não são apenas as crianças que o fazem. Para os mais idosos é reviver a meninice. Para os mais novos é o espanto de escrever no que se poderá dizer “tablets” de ardósia devido ao formato das placas que estão nas carteiras.
Muitas vezes é Florindo Brites que acompanha os visitantes e ele recolheu alguns materiais onde está registada a passagem de Salgueiro Maia por São Torcato. É o caso de fotografias do final da década 40 que estão em exposição com Salgueiro Maia com outras crianças ou em situações festivas.
Estão também expostos livros e cadernos escolares usados por Salgueiro Maia.
Não muito longe está a casa onde viveu. Fica mesmo em frente da linha de caminho de ferro.
O pai de Salgueiro Maia era ferroviário e regressou anos depois a São Torcato como chefe de estação. Nessa altura Salgueiro Maia estava a estudar em Tomar e não regressou à aldeia.
A Escola Museu Salgueiro Maia foi premiada várias vezes e faz parte do Museu Municipal de Coruche.
Para se visitar convém o contacto prévio com o Museu Municipal de Coruche. É também possivel combinar-se uma visita acompanhada com o sr. Florindo.
Ver ainda o documentário “A corda do relógio“. Foi realizado pelos alunos da Escola Superior de Educação de Santarém, do Curso de Educação Comunicação Multimédia, ano 2011/2012, no âmbito da disciplina Biblioteconomia Arquivo e Documentação.
A mudança simbolizada por Salgueiro Maia faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
A edição deste programa foi em 25 de Abril de 2018.
O Vou Ali e Já Venho tem o apoio: