As Estações da Vida são pequenos apeadeiros na nossa memória e no caso de Agustina Bessa-Luís constituem um roteiro “baseado em memórias de viagens de pequeno curso que, desde a infância, me transportam de um lugar ao outro”. Pinhão e Caminha são dois desses lugares.

site_comboio_tua4aPinhão é um dos lugares de referencia do Douro e que está associado a outra ideia da escritora, natural de Vila Meã, no concelho de Amarante: “o comboio esteve sempre na minha gente do Douro como um destino, um modo de vida e um pretexto de aventura”.
site_comboio_tua2xAs Estações da Vida é, de certa forma, um pretexto para a aventura, para uma viagem de descoberta de pessoas, lugares e costumes que fazem parte do passado, mas registados nos azulejos que encontramos em algumas estações. site_cabecalho_comboio_tua2cÉ o caso de Pinhão onde, nas palavras de Agustina Bessa-Luís, “nos bonitos painéis do Pinhão, se encontram os quadros tão conhecidos das vindimas do Douro. Os cestos altos que os homens carregavam sobre a mochila pelos socalcos das vinhas aqui têm um ar de abundância, cheios do português azul que era a uva de maior produção”.
site_comboio_tua3zSão 3047 azulejos que cobrem as paredes da estação, distribuídos por 24 painéis. Estão em bom estado de conservação e Paula Azevedo, arquiteta da Unidade de Património Histórico e Cultural da IP Património, diz que o restauro recebeu vários prémios. Foi uma tarefa minuciosa por causa da corrosão provocada pela descarga de bacalhau que era feita na plataforma junto ao rio Douro.
site_comboio_tua2tO bacalhau transmitiu sais à plataforma que, por sua vez, por capilaridade, contaminavam a zona dos azulejos. (Paula Azevedo está também a investigar a escolha do nome de Pinhão atribuido à localidade.)

site_comboio_tua2bOs 24 painéis foram uma oferta do Instituto da Vinha do Porto e a produção é da Fábrica Aleluia, de Aveiro, em 1937, quase seis décadas depois da inauguração da estação ferroviária.

site_comboio_tua2jAgustina diz que são azulejos de fresca data e que retratam uma das poucas atividades agrícolas que mantém algumas práticas antigas, não como “os espigueiros que vemos em Caminha, são meros altares de Ceres abandonados”.
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No entanto, a autora de As Estações da Vida não poupa elogios ao “lugar que se fez cidade, não é possível ter mais belo semblante. É o céu de água e montanha, pode-se ver Caminha e depois morrer.”
Também como refere a arquiteta Paula Azevedo, a beleza da estação, que faz parte da Linha do Minho não se esgota nos 5 mil azulejos, entre os quais 20 painéis figurativos de Gilberto Renda que retratam paisagens, etnografia e praias.
O enquadramento paisagístico é muito bonito, com o rio Minho e a ponte sobre o rio Coura. “É um sitio onde se pode esperar o comboio.”, concluiu Paula Azevedo
site_estacao_CaminhaO edifício principal configura uma casa típica portuguesa e os azulejos mais interessantes são 20 painéis figurativos de Gilberto Renda, fabricados na cerâmica Sant’Anna de Lisboa em 1930.

© IP Património
© IP Património

Retratam paisagens, etnografia e monumentos ou praias como a de Moledo.

Pinhão e Caminha nas Estações da Vida de Agustina Bessa-Luís faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:Af_Identidade_CMYK_AssoMutualistaAssinaturaBranco_Baixo

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