É um passeio para as quatro estações. No Verão aproveitam-se as piscinas naturais para nos refrescarmos e no inverno podemos descobrir cascatas em lugares escondidos e com uma envolvência profundamente natural. Todos os dias menos quando há trovoada.
O percurso é entre casal da Serra e a Torre, parte da designada “garganta do rio Ocreza”, na freguesia de Louriçal do Campo.

©Pedro João M. Serra

Os poços e as cascatas estão em lugares recônditos no meio da serra da Gardunha, num ambiente natural e com pequenos riachos a afluírem para o Ocreza. Mesmo em tempo mais seco há sempre alguma corrente. A água é cristalina.

A nascente do rio é próxima de Casal da Serra, mas é difícil determinar o local. Mesmo por quem conhece bem esta parte da serra da Gardunha, como é o caso de Inês Ferreira que recentemente fez “uma caminhada ao longo da ribeira. Temos vários poços para mergulhar, muito bons, e queríamos chegar à nascente, mas não conseguimos porque há sítios onde não se consegue passar.”
Manuel Lucas Antunes, que nasceu na Torre e viveu aqui algumas décadas, precisa que “a serra do Casal tem muitas serras altas e com inclinação para esta zona. Quando chove a água começa a ir para os lugares mais baixos e é aí que se forma a ribeira da Ocreza. A ribeira tem alguns nascentes que nunca secam, nem no Verão. Eu conheço muitas. Só que é impossível ir lá.”

O rio Ocreza, que aqui tem o estatuto de ribeira, passa em frente da casa de Manuel Lucas Antunes e aproxima-se da habitação. “Há uma trovoada no Casal e a ribeira enche logo. Ao fim de 3 ou 4 horas a ribeira baixa para o caudal normal.”

©Pedro João M. Serra

Para chegarmos à porta da sua casa temos de passar uma pequena ponte de madeira. Não muito longe está a azenha que Manuel Lucas Antunes recuperou. É a única restaurada das duas dezenas que faziam farinha para toda a região.

Na outra margem da ribeira, um pouco mais acima, descobrimos duas piscinas naturais com pequenas cascatas e que voltaram a ser frequentadas. “Meteram isso no Facebook e agora vão para o Poço do Cavalo e o Poço do Cavalinho. O Cavalinho eram onde iam nadar os mais pequenos, para aprenderem. Os outros eram para pessoas adultas porque infelizmente não tínhamos piscinas, não tínhamos nada.

Chegavam a juntar-se umas 20 pessoas naquele poço e em mais poços que há por aí. Com a emigração e a saída de pessoas isso acabou porque há pouca gente a viver aqui.”

©Pedro João M. Serra

Em algumas alturas do ano a vegetação densa que se apodera das margens dificulta os passeios, mas apesar disso, o caminho faz-se com alguma facilidade e as redes sociais dão uma ajuda à marcação dos percursos pedestres.

©Pedro João M. Serra

“Agora vem para aqui muita gente, por exemplo do Louriçal do Campo.” Inês acrescenta que o percurso está marcado e que também há um passeio normalmente organizado pela junta que é a Rota das Levadas. Há ainda uma prova de trail que é Os Trilhos da Gardunha. A partilha de fotos e georreferenciação nas redes sociais ajuda a divulgar os poços e as cascatas.
Alguns dos percursos pedestres têm passagem por um dos pontos mais altos deste lado da serra da Gardunha, o Castelo Velho, com um magnifico miradouro que pode ser apreciado num baloiço.

Roteiros no concelho de Castelo Branco
As cascatas selvagens na “garganta do Ocreza” faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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