Baloiçamos em silêncio, rodeados de árvores e com vista para a serra do Bussaco e a aldeia de Santa Cristina, no concelho da Mealhada. A estrutura do baloiço e a decoração em redor são um testemunho de superação de crises que nos batem à porta. Agora o importante é baloiçar.
O Baloiço dos Amigos de Santa Cristina assenta em lapas, pedras grandes, polidas pela erosão do vento no alto de um monte. Eram aqui as eiras. Em redor ainda sobrevivem pequenas construções agrícolas.
A lapa funciona como um anfiteatro natural e este ambiente é reforçado com os materiais que formam o baloiço. O único elemento transformado é a tábua do assento que é centenária. Foi retirada de uma casa muito antiga. Tudo o mais tem uma aparência rústica.
“É feito em madeira e a corda. A matéria prima é o que temos aqui. Aliás, foi construído após os incêndios e fizemos um reaproveitamento dessas madeiras.
O baloiço é um ponto de encontro”, que capta a atenção de muita gente, como adianta João Silva, que foi um dos impulsionadores do Baloiço dos Amigos de Santa Cristina. “Temos visitas de todo o país. As pessoas das zonas próximas vêm muitas vezes. Fazem passeios a pé e encontram-se ali. É um ponto de encontro.”
Hoje quem visita o baloiço já não vê sinais evidentes do incêndio que cercou a aldeia em Setembro de 2019.
Curiosamente, conforme está escrito num pedaço de cortiça fixado na estrutura, a inauguração foi exatamente um ano depois, com a pandemia pelo meio. “A ideia partiu de membros do grupo de teatro, do Grupo Cénico”.
João acrescenta que foi resultado do voluntariado e uma forma de aproveitar o tempo do confinamento. “Fizemos a parte estrutural. A Lili e a Inês e outras meninas do grupo de teatro fizeram a parte mais decorativa. Como estávamos confinados e não podíamos sair do nosso concelho foi também um escape para ocupar o nosso tempo em prol da comunidade.”
Muitas das tarefes foram divididas e o trabalho decorativo tem sido permanente. “As meninas do grupo de teatro colocaram um carro de mão muito antigo, com flores. Na altura do Natal fizeram um trenó e umas renas. Na Páscoa foi feito um coelho com ovos e tem sido assim, o baloiço com decorações engraçadas.”
O carro de mão com os catos permanece ao lado do baloiço e nas redes sociais registam-se os comentários de agrado pelas outras decorações.
O Grupo Cénico Santa Cristina fez em Maio 40 anos de atividade e é o polo cultural da aldeia. Consegue envolver muitos jovens, apesar de todas as dificuldades, como sublinha o presidente José António Santos.
“O grupo cénico continua em atividade. Agora, infelizmente, está quase parado há ano e meio. Continua a haver reuniões da juventude do grupo cénico mas online.” Os trabalhos que habitualmente produzem são “peças de teatro popular. Têm feito vários espetáculos. Para a Câmara Municipal, infantários…”. Os atores são praticamente todos de Santa Cristina, “há dois ou três que não o são, mas têm ligações familiares.
O Grupo Cénico fez 40 anos em Maio. É a idade oficial, porque deverá contar com mais meia dúzia de anos. É o mais antigo grupo de teatro do concelho da Mealhada. A sede de concelho fica a poucos quilómetros e é fácil o acesso rodoviário.
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Desconfinar no Baloiço dos Amigos de Santa Cristina faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.