Estão agora de regresso os produtos à base de castanha fresca. Até cerveja artesanal.
Na época da castanha a gastronomia fica enriquecida e junta-se uma diversidade crescente de novos produtos. Muitos baseiam-se nos saberes tradicionais e a “montra” é a Marron, Oficina da Castanha.

No centro histórico de Bragança encontramos o primeiro espaço em Portugal especializado na castanha e que “dá abrigo” a muitos produtos tradicionais e outros novos que estão a surgir. Tem também um museu onde se destaca uma coleção de assadores de castanha.
Por isso, a Marron, Oficina da Castanha é mais do que uma loja. É também um pólo de divulgação da  castanha e tem ainda um centro interpretativo.
refira-se ainda que está na região em Portugal onde se produz mais castanha e o fruto (ou semente) faz parte do ciclo alimentar das comunidades locais.

Muitos desses produtos e técnicas de transformar a castanha podemos descobrir na Marron, “as compotas, os doces, uns mais artesanais do que outros. Os da região feitos à moda antiga. As bolachas de castanha são também feitas de forma artesanal, madalenas, o bolo fofo… tudo isso é feito de forma tradicional”.
A descrição é de João Campos que gere a Marron e é um entusiasta do aproveitamento da castanha que, até agora, baseia-se quase exclusivamente em produção artesanal.
Este é um dos motivos porque alguns produtos só agora os conseguimos encontrar, quando surge a castanha fresca. Ou por não existirem recursos ou porque as pessoas não querem recorrer a castanha congelada esses produtos acabam por ser sazonais.

Têm também surgido novos produtos e João Campos diz que a sua Marron tem funcionado como impulsionadora. “Dou o exemplo do chá da folha de castanheiro. Era um chá de Bragança e de outros concelhos de Trás-os-Montes. As pessoas usavam para curar constipações e aliviar a tosse. Mas não havia esse produto embalado. Hoje já temos em saquetas. Quando abrimos o espaço, em Março de 2019, só os nossos vizinhos espanhóis tinham castanha em calda. Castanha cozida e guardada em frascos de vidro com canela e baunilha. Hoje já temos isso feito por um produtor artesanal de Macedo de Cavaleiros.”

João Campos acrescenta outros exemplos, como “compotas de castanha e limão, como temos da aldeia de Varge ou de castanha e jeropiga, bolachas de castanha pouca gente fazia e hoje temos uma fornecedora de Chaves que faz também bolacha de castanha com canela, com azeite ou com mel. Tudo muito artesanal e com muito sabor.”
A oferta de novos produtos com saberes tradicionais tem aumentado e vai ao encontro das preocupações com a qualidade dos alimentos, até porque “tudo o que leva farinha de castanha acaba por ser um pouco mais saudável porque não tem glúten. Essa é a grande mais valia da castanha enquanto alimento saudável.”

Apesar de haver um maior interesse pelo valor económico da castanha João Campos refere que há muito para fazer. “Temos a produção artesanal, os licores feitos de forma caseira, cerveja de castanha da zona de Carrazedo de Montenegro com muita projeção e qualidade. Falta-nos a transformação mais refinada. O que pode ser industrial ou semi industrial. Como por exemplo o marron glacé”.
É um produto de excelência. Com tradição em Itália e França. “Os espanhóis seguiram o exemplo há 30 anos e os portugueses ainda não o produzem”

É um lamento porque é divinal e não é fácil de encontrar. É um dos produtos com mais sucesso nas lojas física e online da Marron.

Deliciados com o sabor do marron glacé descemos agora ao piso do centro interpretativo. Através de painéis e écrans interativos descobrimos o universo da castanha no mundo e em particular em Portugal. Encontramos informação detalhada sobre a apanha e transformação de castanha, as propriedades nutricionais, receitas, galerias de imagens… no entanto, o que desperta mais a atenção é  “uma coleção de assadores de castanhas. Neste momento, já tem mais de 30 peças de várias zonas do país.
Há também exemplares de Itália França e Espanha.” E, claro, castanhas e ouriços para ver e tocar.

Em muitos restaurantes de Trás-os-Montes esta é também a altura onde se encontra uma grande variedade de pratos com castanha.

Marron em Bragança e de produtos inovadores à base de castanha faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

2 Comments

  1. Ana

    Por acaso, há uns anos, havia castanha em calda de marca Nordeste. que eu comprava na Parede (linha de Cascais) numa loja que fechou. Era divinal.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *