Casario de granito, fontanários a revelar abundância de água, horizontes definidos pelo topo das encostas que encobrem mais cedo o sol, por vezes um rebanho de ovelhas que passa no interior da aldeia e gente idosa que conversa à sombra num beirado, sentados em bancos de pedra à beira da rua.

Videmonte está a norte da serra da Estrela, fica a 22km da Guarda e é das aldeias com mais população nesta zona da serra.

Foi onde nasceu Etelvina Silva que aos nove anos deixou o lar dos pais para ir servir numa casa na Guarda. Agora vive numa aldeia vizinha, Trinta, e falei com ela em Videmonte, “uma terra boa e tem fama. Está num sitio alto e tem muita gente.”

Em Videmonte um dos lugares mais frequentados é o largo em frente da igreja que é de estilo barroco. Ao lado está o Centro Cultural e Social.

Do largo desdobram-se várias ruas com casas de granito e muitas preservam a traça original. Diz Madalena Prata que as habitações, “mesmo remodeladas, tentam preservar a traça tradicional.

Se calhar usam materiais a imitar o antigo, mas tentam preservar isso.”

praia fluvial da Quinta da Taberna

Madalena Prata vive na Guarda, mas costuma visitar Videmonte, a terra dos pais. Falei com ela na praia fluvial da Quinta da Taberna, um dos centros de lazer que tira proveito do rio Mondego.

As encostas da serra e o rio propiciaram no passado a pastorícia. No dia da minha passagem por Videmonte, mesmo no centro da aldeia, uma pastora seguia com um rebanho de cerca de180 ovelhas que ocupavam toda a largura da rua.

Uma imagem que fazia parte da rotina do passado. “Havia muita cabra, muita ovelha, queijo. Acabou quase tudo.”

Passadiços do Mondego em Vidmonte

Um outro sinal do saber fazer tradicional era a moagem e a produção de pão. Existiam cerca de duas dezenas de moinhos. Quase todos desapareceram, mas junto dos passadiços do Mondego, próximo de uma travessia do rio, está a ser recuperado um deles.

No interior da aldeia o forno comunitário continua a funcionar e é pretexto para a festa do Pão Nosso, no final de Julho. Outro motivo para Madalena ir a Videmonte.
Passear na aldeia já é bom e de vez em quando também fazem algumas atividades, como por exemplo a Festa do Pão.
É interessante porque as pessoas mostram o que fazem em casa e no forno comunitário. Pão, muitos bolos e biscoitos.”

Por estes meses, a grande atração têm sido os passadiços do Mondego. Mesmo antes da inauguração. Um dos extremos é em Videmonte e logo à entrada do percurso ficamos com uma perceção fascinante. Uma enorme serpente de madeira acompanha o rio Mondego durante alguns quilómetros.

RTP – documentário sobre modos de vida e as diversões dos habitantes da aldeia de Videmonte, na Serra da Estrela.

Em Videmonte sentimos o que é viver na serra da Estrela faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

2 Comments

  1. Evaristo Branquinho

    A igreja matriz de Videmonte está em vias de ser classificada com patrimonio histórico cultural conforme aviso n° 20/2020 de 29/11/2019 a propósito das pinturas ali exitentes da escola dos pintores italiano Giotto de Bendone e do espanhol Esteban de Murillo. A mais importante ali encontrada é alusiva ao culto das almas cuja figura principal é São Francisco de Assis de escola e autores desconhecidos.

  2. Evaristo Branquinho

    É preciso desmistificar a “lenda das formigas”.
    Esta lenda repete-se em, pelo menos, 11 localidades na zona raiana, havendo vários pesquisadores a chegarem à conclusão de que as formigas se tratavam, na realidade, dos exércitos romanos vistos de longe. Portanto, segundo a lenda e a teoria dos exércitos romanos, pode-se concluir que Videmonte já existia na altura da ocupação romana da Península Ibérica.

    Esta lenda prejudica a verdadeira historia das localidades em causa e denigre a imagem dos seu antepassados como é o caso da antiquíssima paroquia/freguesia de Videmonte.

    Conforme registo em: Videmonte – Wikipédia, a enciclopédia livre e, com base nos elementos recolhidos dos arquivos nacionais, regionais e locais, a verdadeira historia desta terra é a seguinte, Vidé VIDEMONTE 800 anos depois ao encontro das suas raízes, edição de autor:

    O fidalgo de que fala a lenda, efetivamente, existiu. Fidalgo cavaleiro do reino, de nome Afonso Pires (ou Peres), de alcunha “o Gato”, foi tenente do reino e governador da Guarda em 1207. Nas inquirições gerais (1220 – 1397) de D. Afonso III e D. Diniz, em concreto no ano de 1258, referidas ao julgado de Linhares, é dado conta que o lugar «aldeia» de Menouta, em Vite Montis, era propriedade do referido cavaleiro.

    A avaliar pela toponímia de toda a envolvente a Videmonte, o povoamento desta freguesia é muito anterior ao Séc. XIII. O seu próprio nome terá, segundo vários investigadores, origem pré-romana ou mesmo a remontar à idade antiga.

    No seculo XII, Videmonte, que pertencia ao Concelho de Linhares, com foral atribuído em 1169 por D. Afonso Henriques, tinha a designação do latim antigo ou arcaico de VITE MONTIS, conforme registos[8][9].

    Quando foi atribuído o foral à Guarda, por D. Sancho I, no ano de 1199, a cidade obteve, também, a designação de diocese com sede em Idanha-a-Velha, daí o título de “egitaniense”, e uma das paróquias que transitou da diocese de Coimbra para esta foi a de Videmonte cuja designação completa era a Seguinte: “parreochialem eclisiam Santi Johannes de Vite Montis”.

    Viriato Simões coloca a hipótese das populações residentes no castro de Tintinolho (Guarda) terem fugido para a Serra de Bois (Videmonte), quando das primeiras invasões romanas a estes territórios no século III d.C.

    A grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira identifica como sendo de origem germânica o nome do Rei visigodo Vitterico, Witerico ou Vitericus.

    Segundo vários investigadores, tais nomes são sucedâneos e da mesma origem da do guerreiro lusitano Viriato *Viri Athus* (181-147 a.C.) cujos significados são: forte, famoso e líder.

    Também o Dicionário Histórico, Chorográfico, Bibliográfico, Heráldico, Numismático e Artístico regista tais factos históricos desta localidade.

    O filósofo e linguista alemão, Joseph-Maria Piel, defende como sendo de origem etimológica germânica, na Lusitânia, o nome de *Vitemundi* – Videmonte do concelho da Guarda, desde a extinção definitiva do de Linhares em 1855 .

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *