Viver numa pequena quinta na serra de Sintra à semelhança da vida saloia no século XIX. Interagir com alguns animais, ou simplesmente passear por dois hectares verdejantes, com lagos. O silêncio apenas a ser quebrado pelo som do pavão. Estas são algumas das experiências que podemos usufruir num passeio na Quintinha de Monserrate.

As boas vindas são na casa de pedra do caseiro. Tem um forno a lenha onde se cozia o pão e segue-se a descoberta de fauna, flora e cultivo tradicional na serra de Sintra descrita por Bernardo Chaves, “sempre com a ideia de se transmitir o que era o estilo de vida saloio no seculo XIX, com uma perspetiva de vida sustentável, com ligação à terra.

Na altura o espaço era para produção com hortas, pomares e animais.”
O objectivo era abastecer o palácio de Monserrate.

Bernardo Chaves, biólogo e técnico dos serviços educativos da Parques de Sintra, foi o meu guia e conhece bem o comportamento de alguns dos animais, como por exemplo o Jacó e a Helena, um burro e uma égua, que aguardam que os visitantes levem cenouras para lhes oferecer. Vivem num cercado, próximo de outros que andam ao ar livre.

Para algumas crianças é a primeira vez que interagem com alguns animais. “Em particular crianças das visitas de âmbito escolar.
Muitas vezes nunca tinham estado na presença de um burro ou de um cavalo e algumas ficam ligeiramente assustados por causa da imponência dos animais.

Depois apercebem-se que são domésticos, dóceis e até bastante dados à interação.”
Outra reação, mais geral, é descobrir-se como, afinal, se pode viver sem telemóvel. “Em termos gerais ficam impressionados com o facto de o espaço estar bem cuidado, apesar de a quinta já ter mais de 150 anos.

Há também a interpretação de como se vivia só da terra, em comunhão com as plantas e os animais. Muitos jovens, que estão em contacto com as tecnologias, percebem como se vivia distante das tecnologias atuais.”
A casa da quinta é abastecida por energia renovável e os painéis solares são o sinal tecnológico mais visível.
Há também um detalhe. Uma escultura gigante feita num tronco com os relevos desenhados por uma motosserra. Vemos representações de uma águia, no topo, e de outros animais e plantas que fazem parte do ecossistema da serra. A escultura aproveita o tronco de um eucalipto que estava doente, tem 7.5 metros de altura, foi criada em 2012 por Nansi Hemming.

Faz parte de um longo processo de recuperação da quinta, a partir de 2008, por parte da Parques de Sintra.
O terreno esteve ao abandono e a regeneração da quinta é muito bem conseguida com lagos, um anfiteatro ao ar livre e pequenas áreas agrícolas.

Bernardo Chaves, biólogo e técnico dos serviços educativos da Parques de Sintra

Como adianta Bernardo Chaves tenta-se “transmitir o conceito de vida sustentável, de quem vivia da terra com pomares e hortas.

Nos pomares encontramos, peras, laranjas, limoeiros, marmeleiros, pessegueiros…. Na parte da horta, alfaces, couves, cenouras… depende da altura do ano. Temos ainda plantas aromáticas.”

Toda a zona envolvente é marcada pelo verde e espaços com água. O horizonte é traçado por eucaliptos e pinheiros, muito altos que estão a partilhar a serra com espécies autóctones.
A visita à Quintinha de Monserrate exige marcação prévia e há programas para famílias e escolas.

Em dias de sol, que na serra de Sintra são sempre imprevisíveis, pode ainda aproveitar e ficar um pouco mais, ara um piquenique, à sombra de videiras.

A rotina saloia na Quintinha de Monserrate faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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