É um passeio para a família. Tem pouco mais de dois quilómetros, ida e volta, é quase sempre plano e algumas partes com sombra. O contacto com a natureza, o rio Tejo e a vista ampla a partir do miradouro, são alguns dos atributos que marcam a Rota das Pesqueiras e Lagoas do Tejo. Mas não só.
É um percurso que podemos adaptar. É linear, mas quem quiser andar um pouco mais tem desvios que estão sinalizados e que nos levam para lugares próximos do rio Tejo ou de lagoas. Por outro lado, os passadiços estão inseridos em vários percursos pedestres, um deles com mais de uma dezena de quilómetros.
A Rota das Pesqueiras e Lagoas do Tejo tenta conjugar a beleza natural com lugares que fizeram parte da história da comunidade local, como a pesca, a pastorícia e um banho refrescante nas lagoas.
No presente podemos constatar algum deste legado, mas num contexto muito diferente.
A zona de lazer é a praia fluvial de Ortiga, que tem acesso ao passadiço.
Da pesca vemos alguns sinais junto ao rio, com instrumentos e barcos ancorados.
As pesqueiras, construções nas margens do rio para alterarem o fluxo da água e permitir a captura de algumas espécies de peixes, já não estão a uso. Em alguns locais há apenas vestígios.
Quanto à pastorícia continua, mas em moldes muito diferentes do passado. Carlos Maia costuma levar “cabras, ovelhas, porquitos… com o que calha. São 25 cabras, 2 ovelhas e os porcos costumam ser 4 ou 5.” Se as cabras e ovelhas é diário, “com os porcos, por vezes as pessoas põem-se a falar, e eu não os trago sempre com o rebanho.”
Calos Maia costuma vir com os animais e está sempre atento por causa da proximidade da linha de comboios. Em algumas pausas gosta de falar com os caminhantes, que não são poucos, “há muita gente a passear. Até estrangeiros.”
Ele próprio me enunciou alguma das espécies de animais que se conseguem ver nesta zona: patos, cegonhas, garças… os meus animais. Dá para ver muita coisa. Quase todos os dias venho aqui. Como faço a manutenção dos caixotes do lixo, sou empregado da junta, aproveito e venho com os meus animais.”
Ele faz a limpeza do lixo e os animais do mato. “Vão comendo as ervas. É o que limpa o campo, se não isto parecia um bosque.”
Esta é uma zona com muita vegetação e é no topo do morro da Boavista, no miradouro, que temos melhor essa perceção.
O arvoredo cobre parte dos passadiços e dos caminhos.
Quando nos aproximamos da Lagoa Grande é que a vista se torna mais aberta. Em particular na outra margem do rio, com vista para Abrantes e para a planura da lezíria.
Vemos ainda o longo curso do rio Tejo que segue tranquilo porque cerca de um quilómetro antes é domesticado pela barragem de Belver. É a segunda nesta parte da sua passagem..
É curioso como o percurso do passadiço espelha o contraste entre a paisagem natural, o rio e o vale verdejante, com dois testemunhos da industrialização: a barragem e a linha do caminho de ferro que corre quase em paralelo com o percurso pedestre.
Passadiços de Ortiga: à descoberta da Rota das Pesqueiras e Lagoas do Tejo faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.