Bolo de mel de cana, biscoitos, compotas, bolachas… é uma enorme variedade de doces que nos levam à Fábrica de Santo António, no Funchal. No entanto, quando entramos o que mais nos cativa a atenção é o colorido das latas que enchem as prateleiras.
São a marca da fábrica que foi a primeira a fabricar bolachas e biscoitos na Madeira e no próximo ano assinala 130 anos.

As latas mais antigas e maiores estão no topo da prateleira. Evocam uma prática habitual há muitas décadas, de se ir à loja com uma caixa e trocar por outra cheia de bolachas.

Explica Bruno Vieira, administrador da Fábrica de Santo António, que  “no inicio o nosso produto era comercializado em grandes latas de metal. De folha de Flandres, com os rótulos coloridos que variavam conforme o sabor.

Hoje é a nossa imagem de marca e foi também aí que nos inspirámos nos últimos 3 a 4 anos, para fazer um refresh na nossa imagem, mas sempre respeitando o traçado.
A Fábrica de Santo António vai na quinta geração da família do fundador.
Numa das paredes da loja podemos ver uma fotografia de Francisco Roque Gomes da Silva que teve a perspicácia de aproveitar o ritual do chá do chá das cinco das famílias inglesas que viviam na Madeira.

Foi a Inglaterra, comprou uma máquina de fazer bolachas e obteve algumas receitas.
No entanto, a maioria são criação da sua mulher, Guilhermina, que adotou o saber fazer regional com conhecimentos familiares.

“A esmagadora maioria das receitas são originais. Algumas ao longo do tempo foram melhoradas… No ano passado lançámos um produto novo, os Biscoitos da Guilhermina, com base numa dessas receitas.”

Nos últimos anos têm realizado algumas pesquisas sobre apontamentos de receitas escritos por Guilhermina e alguns objetos pessoais também estão em exposição.
Juntam-se a traços arquitetónicos e decoração interior e objetos antigos que reforçam o estatuto de loja com história.

A Fábrica de Santo António é muito procurada por turistas. Alguns vão à procura de uma lembrança para levarem para amigos e familiares.
A procura incide mais no bolo de mel de cana, o mais conhecido da Madeira.

Também tem preferência os rebuçados, em particular os de funcho, as broas tradicionais de mel de cana e a broa de gengibre com mel de cana.”
A maior dificuldade é o transporte das latas nos aviões. Clientes não faltam, até com visitas guiadas. “A nossa loja é um ponto de passagem e uma referência para quem visita a região.

Temos também distribuição em lojas relacionados com o turismo e em supermercados da região. Enviamos para o Continente, para alguns pontos como o El Corte Inglés e a Vida Portuguesa.
Também enviamos para o Reino Unido, para o mercado da saudade, dos emigrantes.”

Bruno Vieira

A fábrica está localizada no centro do Funchal, na Travessa do Forno, onde no século XIX existia um forno comunitário e que foi adaptado para o início do projeto que era conhecido como a fábrica das bolachas. Outra curiosidade, segundo relata Bruno Vieira, “a nossa máquina de bolachas é a mesma do início.

Foi manual, a vapor e agora elétrica. Foi adaptada a força motriz, mas a maquinaria é original. É a mesma que faz a bolacha Maria.
É um processo que demora muito tempo, envolve muita mão de obra.”

Sempre que é possível aproveitam os produtos regionais para a confeção dos doces.
Toda a produção é de manufatura, replicando os métodos tradicionais.

A doce Fabrica de Santo António no Funchal faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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