O legado conventual tem uma forte influência na doçaria de Beja e um dos doces mais afamados é o porquinho. “É o doce emblemático do café pastelaria Luiz da Rocha e da doçaria regional. Corre mundo pela mão dos nossos emigrantes.”

O café, pastelaria e restaurante Luiz da Rocha – o café mais antigo de Beja, vai no próximo ano fazer 130 anos, – pertence a uma cooperativa e António Leandro preside ao conselho de administração.

A referência que ele fez ao “doce emblemático” é bem visível na quantidade de caixas em exposição e com a referência de que foi finalista nas Maravilhas Doces de Portugal.

O porquinho tem uma cor acastanhada e letras brancas a dizer Beja. Os olhos e os dentes também são brancos, O interior é cremoso e alaranjado. “O porquinho é à base de amêndoa, gila, ovos e cacau. O sabor resulta dessa mistura.” E que sabor! Irresistível.

É muito bom. Percebe-se a dificuldade em dar vazão às encomendas.
“Há alturas do ano, em particular Natal e Páscoa, que não temos capacidade para confecionar mais para além das encomendas. Por vezes até temos dificuldade em dar resposta às encomendas.”

Um dos motivos tem a ver com o processo de fabrico e o formato minucioso do porco. Patas,  orelhas e rabo são extremidades que dão continuidade natural ao corpo.

É tudo manual. Embora as pessoas possam pensar que o porquinho é configurado numa forma, não é assim. É manual, leva o seu tempo e passa por muitas mãos. Aliás, o mais demorado é preparar as matérias primas para a confeção do porquinho.”

As trouxas de ovos é outro doce de origem conventual e que também muita procura. “São diferentes das outras. A receita é muito simples, mas há sempre uma maneira diferente de as confecionar e de lhes dar um toque e textura próprio.”

Tem igualmente muita saída a queijada e requeijão que também é um legado do fundador do café Luiz da Rocha.

Muito deste saber foi transmitido “de geração em geração ao longo destes 129 anos. Foram passando a receita de uns para outros. Às vezes a receita de um doce é igual em muitas pastelarias.

A diferença está no modo de fabrico. Há sempre um toque especial, qualquer coisa que, de facto, fazem estes doces diferentes.”

Vale a pena também a visita ao café que preserva a antiga decoração, com mesas de mármore preto e cadeiras de madeira.

A entrada, por uma porta giratória, é sinal do universo onde vamos entrar e que tem uma profunda relação com a comunidade local.

Beja tem um Porquinho Doce conventual e irresistível faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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