O Soajo é uma das portas de entrada no Parque Nacional Peneda-Gerês. A vila preserva o seu património e um dos ex-libris é o conjunto de espigueiros sobre uma grande e alta laje granítica.
A localização e o número de construções, cerca de duas dezenas, dão uma perspetiva de monumentalidade que é engrandecida com a vista para serra de Soajo.

Os espigueiros são construções em granito, alongadas, suspensas em colunas em pedra para proteger as espigas de milho dos roedores e da humidade.
A estrutura tem aberturas para permitir o arejamento dos cereais.
Cada um tem no topo uma cruz para proteção divina.

A eira é comunitária. No presente tem pouco uso.  Testemunha Rosa Rocha que, por vezes, fazem demonstrações “para os turistas ou alguém mais idoso que tem vontade de reviver velhos tempos e juntam-se algumas pessoas para fazerem uma meada de milho e centeio.”

Rosa Rocha que vive no Soajo acrescenta que “era uma eira comunitária, onde toda a gente tinha um espigueiro, e havia entreajuda. Agora é mais para convívio e reviver velhos tempos.”

O espigueiro mais antigo é de 1782.
O conjunto está classificado como Imóvel de Interesse Público e é muito procurado por visitantes.
O acesso fácil. Ao lado de uma estrada e do campo da feira.

Dos espigueiros temos uma excelente vista para a beleza da serra do Soajo e para a área urbana.
O casario da vila, maioritariamente, mantém a traça tradicional. É uma regra, “todas as entidades que têm responsabilidades na aprovação de um projeto tentam manter os traços tradicionais.”

Vale a pena passear pelo meio da vila. Entre ruas estreitas com arruamentos e casas de pedra e portados de madeira.
O Largo do Eiró e o Pelourinho são os lugares mais visitados. O pelourinho tem uma forma inusitada.

Representa uma lança, uma pedra e um pão. Das várias explicações conhecidas, a que é mais recorrente remete para uma expressão do rei D. Dinis para que se permanecesse no Soajo apenas o tempo de se “esfriar um pão na ponta da lança”.

Nas ruas confrontamo-nos também com sinais de desertificação e envelhecimento da população. A demografia e a atividade económica mudaram muito nas últimas décadas com a emigração.
A atividade agrícola “é muito pouca. É uma população envelhecida, apesar de termos muito turistas e de gente nova estar a tomar conta do comércio e serviços.

Padaria Pão-de-ló de Soajo

É o meu caso que tenho um restaurante. Os outros dois restaurantes também são geridos por gente nova. O mesmo sucede com as Marias, uma casa de takeway, e com a padaria que faz o famoso pão de ló de Soajo.”

Prato com cachena no Saber ao Borralho, Soajo

É o turismo que ajuda à permanência de algumas famílias.
A pecuária também permite algum rendimento e a oferta de uma gastronomia muito própria, com carne muito saborosa. “Todos os restaurantes servem carne cachena.
É uma raça DOP, recuperada há cerca de 20 anos pela Cooperativa Agrícola de Arcos de Valdevez.

Uma das regras é os animais andarem à solta, caminharem e comerem. A carne ganha um sabor especial, diferente. Elas também já se habituaram aos turistas.”

Tem apenas um senão para quem caminha pela rua, em particular para os cabeças no ar.
O Soajo tem ainda uma excelente oferta de turismo de natureza com trilhos por cascatas e lagoas, algumas fantásticas piscinas naturais no Verão.
Soajo fica a cerca de 20km de Arcos de Valdevez.

Os espigueiros que “alimentam” Soajo faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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