A linha da Beira Baixa namora o Tejo. Correm em paralelo dezenas de quilómetros e algumas estações ferroviárias têm em frente, na outra margem, um cais com o barqueiro a aguardar a chegada do comboio.
Há estações da Linha da Beira Baixa onde vamos de barco apanhar o comboio. Parte do troço da linha ferroviária acompanha o rio Tejo.
Tem passagens fascinantes mesmo à beira do rio ou em apertos entre as escarpas das Portas de Ródão e o leito do Tejo.
Devido à proximidade com o rio, no passado, até teve o nome de Linha do Vale do Tejo.
Em quase todo o século XX o comboio foi o principal meio de transporte das comunidades ribeirinhas e muitas pessoas tinham de atravessar o rio.
Em barcas ou em barcos tradicionais, como por exemplo o Picareto, que ainda se vê no ancoradouro de Arneiro, utilizado pelo barqueiro para o transporte até à estação do Fratel.
Não muito longe, a menos de uma dezena de quilómetros, a travessia é feita por uma barca moderna. Junto à estação ferroviária de Barca d’Amieira – Envendos.
A gare fica na margem norte, no concelho de Mação e Agostinho Marques comanda a barca que faz a travessia para o outro lado, a caminho da Amieira, no concelho de Nisa.
Vem gente do comboio. Normalmente não é muita, mas passam pessoas de um lado para o outro para apanhar o comboio. Antigamente o movimento era maior. Agora usa-se mais o carro.”
A barca é moderna, foi inaugurada há pouco mais de um ano. A antiga esta a algumas dezenas de metros da margem, num lugar muito mais alto. “Foi o rio que a levou para lá há alguns anos”.
Quando o rio pôs a barca ali chegou a entrar para dentro das duas casas. Estamos próximos de duas barragens, a do Fratel e da Pracana. Quando de tempestade ou de cheias descarregam muita água.”
Para o Tejo mandar a barca para a encosta teve de alagar a estação dos caminhos de ferro que fica um pouco mais abaixo. A fúria do rio, apesar do controlo das barragens, assemelha-se à violência dos incêndios que ainda recentemente destruíram algumas estruturas de madeira da estação.
Já foram realizadas obras de substituição, a gare é pequena e recebe os passageiros dos comboios regionais.
Do cais conseguimos ver o Tejo e o ancoradouro que tem uma rampa para permitir o transporte de carros. A travessia é curta, “uma média de 3 minutos. Para passar bem, é assim, com o rio quase parado.
Se a barragem começar a turbinar eu já não posso passar. Com mais de 450 metros cúbicos por segundo já não se pode fazer a travessia. A barragem está a cerca de 5km e o caudal do rio fica muito forte.”
A fiabilidade do horário da travessia é incerta, depende muito da vontade do rio e no Inverno a atividade é suspensa. Reabre a 1 de Abril.
A estação fica isolada, tem nas proximidades algumas ruinas e, mais acima, algumas casas que estão habitadas. Tudo o resto é silêncio, natureza.
A aldeia mais próxima, Santo Aleixo, dista a cerca de dois quilómetros e sem a barca a Nacional 359 sofre aqui um corte. Ao isolamento contrapõe-se um lugar com uma excelente beleza natural.
A estação da Barca d’Amieira – Envendos vizinha do Tejo faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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