No tempo das guerras fronteiriças era a Salvaterra da Beira. Após a delimitação de fronteiras passou a Salvaterra do Extremo.

O pelourinho no Largo da Praça
O pelourinho no Largo da Praça

Foi sede de concelho e a história é recordada no Largo da Praça com a antiga Casa da Câmara e o pelourinho que é do século XVI.

Com o novo traçado das fronteiras com Espanha teve também uma fortificação que se confrontava em linha de vista com o castelo de Peñafiel que está no monte do outro lado.
A fronteira é o rio Erges que passa no vale.

A igreja em Salvaterra do Extremo
A igreja em Salvaterra do Extremo

Em tempo de paz a fortaleza foi perdendo utilidade e as pedras do castelo e das muralhas de Salvaterra foram aproveitadas para casas e muros. Do lado espanhol a situação também não foi muito diferente.
O castelo de Peñafiel ficou em ruínas.

Castelo de Peñafiel
Castelo de Peñafiel

Os dois lados da fronteira estreitaram as relações e Zarza la Mayor, que está a cerca de 4km, é a povoação mais próxima de Salvaterra.
O contrabando ajudou a aproximar as duas comunidades e também a travar a sangria da emigração nestas terras da raia porque as famílias conseguiam algum rendimento.

Açude no rio Erges
Açude no rio Erges

Nos últimos anos a passagem entre os dois lados da fronteira ficou facilitada com a construção de um açude no rio Erges. Para a população de Salvaterra do Extremo é o caminho preferido para o comércio, em particular dos combustíveis. Os jovens também preferem a noite de Espanha.

Placa em Zarza la Mayor
Placa em Zarza la Mayor

Conforme nos referiu Paulo Lopes, presidente da União de freguesias de Monfortinho e Salvaterra do Extremo, continuam a procurar intensificar as relações e fortalecer o convívio. Todos os anos organizam conjuntamente uma festa.

Paulo Lopes, presidente da União de freguesias de Monfortinho e Salvaterra do Extremo
Paulo Lopes, presidente da União de freguesias de Monfortinho e Salvaterra do Extremo

No primeiro domingo de Maio juntam-se pessoas dos dois lados da fronteira. Uns dão o comer, os outros dão o beber. No ano seguinte é ao contrário. Fazem ainda caminhadas, como por exemplo a rota do contrabando. Em alguns momentos desenvolvem iniciativas conjuntas especiais como foi a Orquestra Barroca que estagiou em Salvaterra e deu um concerto na bonita catedral de Zarza la Mayor.
Outra iniciativa conjunta bem interessante para os locais e para os visitantes é a praia fluvial.

Rio Erges e a praia fluvial
Rio Erges e a praia fluvial

O Erges que antes era disputado como fronteira faculta agora uma bonita praia.
A construção é conjunta. Começou com o açude e a sinergia das duas freguesias permitiu criar um espaço agradável e com estruturas de apoio nos dois lados da fronteira.
No lado português há ainda vários trilhos do Parque Natural Naturtejo, como a “Rota dos Abutres” e os Canhões Fluviais do Rio Erges. Andar no campo é sentir o cheiro do rosmaninho e das giestas.

Descoberta da natureza
Descoberta da natureza

Na freguesia de Salvaterra do Extremo fica também o ponto mais alto do Naturtejo, próximo da Horta das Almas. Há ainda um local de observação de aves. Costumam andar por aqui algumas espécies que estão em risco de extinção.
A povoação é muito pacata. Sente-se o que significa o nome Extremo. Uma placa assinala a “inauguração da água em Salvaterra do Extremo em 1984”.

Inauguração da água em Salvaterra do Extremo em 1984
Inauguração da água em Salvaterra do Extremo em 1984

Há ainda muitas casas de pedra e o património melhor preservado é o religioso.
Vale a pena ir ao miradouro. Temos uma visão mais completa do vale do Erges e do lado espanhol com o fantasma do castelo de Peñafiel a lembrar outras ambições.

A cultura e o património natural são evocados no Festival Salva a Terra, uma organização da Quercus – ANCN que serve para financiar o CERAS Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens. O festival alterna com o Boom que se realiza este ano.

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A Lontra de BordaloII

Após a edição do ano passado ficou a instalação de Bordalo II, “A Lontra” que também está a precisar de ser salvaguarda.
No último Censos Salvaterra do Extremo tinha 170 habitantes.
Ver ainda: Trabalho de investigação sobre o Bodo de Salvaterra do Extremo

Salvaterra do Extremo e la Mayor faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
Ver Roteiros pelo concelho de Idanha-a-Nova

O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:Af_Identidade_CMYK_AssoMutualistaAssinaturaBranco_Baixo

3 Comments

  1. Armando Roseiro

    Sou Alentejano de gema, mas conheci Salvaterra do Extremo quando tinha 5 anos, pois o meu querido Pai era Salvaterrenho de gema. Morando em Évora, como felizmente continuo a morar, nos meus 84 anos, praticamente nas férias ia sempre para essa querida aldeia. O meu querido Pai casou com uma senhora de nome Lucília Engrácia que era filha do sargento Santos que foi comandante da Guarda Fiscal e morávamos no prédio que fica á entrada do adro do lado esquerdo, e que infelizmente já não existe. Conheço Salvaterra como as minhas mãos, porque corria tudo para conhecer bem, esta linda aldeia. Lembro-me de menino e moço do D. Pedro que era o moleiro na moagem, do Velez, do Martinho, que tinha o comércio no adro, e de muitos outros.
    Estou com vontade de lá ir para o mês de Agosto, mas será que encontro alojamento?. Para todos os meus Amigo de Salvaterra muita saúde e um grande abraço para todos. Sejam felizes.

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