O castelo é único na Península Ibérica por conjugar uma estrutura defensiva com um paço em estilo renascentista.
Nasceu com a guerra da Reconquista, mais tarde foi reconstruído e adaptado às armas de fogo mas nunca esteve envolvido em qualquer conflito. Tiros só de caça. Évora Monte destaca-se também pelo tratado de paz que pôs fim à guerra civil entre liberais e absolutistas.
O castelo tem uma arquitetura singular com uma planta quadrangular e em cada extremo um torreão circular.
Por outro lado, como está a cerca de 500 metros de altitude, num dos pontos mais altos da Serra de Ossa, é visível de vários lugares distantes e é imponente.
No testemunho de Ana Cristina Pais, historiadora e coordenadora do castelo de Évora Monte, a beleza e a monumentalidade torna-o num dos postais ilustrados do concelho de Estremoz e um edifício único em Portugal. Não é vulgar encontrar um castelo que no seu interior funcionava mais como um paço e com uma arquitetura renascentista muito singular.
À medida que sobe o edifício é mais estreito, as salas dos três pisos são todas diferentes, com abobadas também com formas diferentes.
Em cada piso a vista para o exterior é ampla e há entradas de luz durante todo o dia o que embeleza mais os contornos da pedra trabalhada no interior.
O castelo terá tido uma torre de menagem no tempo de D. Dinis mas foi destruída no terramoto de 1531. D. Jaime, Duque de Bragança, fez a reconstrução e adotou as ténicas mais modernas à época de construção militar. Com o surgimento das armas de fogo a estrutura e a arquitetura dos castelos sofreu grandes alterações e foi o caso de Évora Monte que assimilou as novas técnicas de guerra.
No entanto, apesar de ter uma história como estrutura defensiva e bélica, o castelo de Évora Monte nunca esteve envolvido em qualquer conflito. Na verdade, a sua aparência é um pouco enganadora. Parece contundente, preparada para receber canhões mas os espaços eram afinal janelas. O efeito seria mais dissuasor e de afirmação da Casa de Bragança.
A haver tiros eram só de caça. Era para aqui que os reis e nobres da Casa de Bragança vinham caçar veados e ursos. Mas era uma ocupação episódica e o Paço nem sequer teria grande quantidade de mobiliário.
Uma outra particularidade é o efeito decorativo no exterior. Um relevo, que parece uma corda, abraça o castelo e termina com um laço em cada piso.O laço era o símbolo da Casa de Bragança, a segunda casa do reino, após o rei. Para o evidenciar, tinha o lema Depois de Vós (o rei), Nós (os Branganças).
Este sinal de ostentação da casa de Bragança é semelhante a uma das portas do Paço Ducal em Vila Viçosa.
No terraço temos uma vista de 360º para a Serra, a auto-estrada A6 (que tem uma das melhores perspetiva do paço), para o castelo de Estremoz e também para parte da aldeia que está no interior da zona muralhada.
A muralha teve recentemente obras de conservação (a torre do castelo foi praticamente reconstruída na década de 40 do século passado) e tem cinco portas que ainda são as originais, do séc. XIV.
Dentro das muralhas algumas casas estão habitadas de forma permanente. Há ainda igrejas, o antigo paços do concelho com a prisão e a torre sineira, a base do pelourinho e uma cisterna pública que guarda água das chuvas.
A Convenção da Paz
Na rua que dá acesso ao castelo pela porta com ligação rodoviária está uma casa pequena, discreta e branca. No entanto, no seu interior foi dado um passo decisivo para o fim de um das mais dramáticas guerras civis em Portugal – as guerras liberais.
Em 26 de Maio de 1834 foi assinada nesta casa a Convenção de Évora Monte entre o general Saldanha (em representação de D. Pedro) e o general Azevedo Lemos (D. Miguel). Agora chama-se a Casa da Convenção, foi recuperada e o município quer desenvolver neste espaço um centro interpretativo.
A assinatura de um tratado de paz esteve na origem de um movimento internacional: a Rede Europeia de Sítios de Paz. A sua constituição foi fomentada pela Liga dos Amigos do Castelo de Évora Monte. A sede foi também para Évora Monte
O castelo e a muralha de Évora Monte estão classificados como Monumento Nacional.
Évora Monte está a 26 km de Évora e a 16km da sede de concelho, Estremoz.
Uma nota final: o nome. A designação original era Évora. Mas para se diferenciar da outra, acrescentaram a esta a referencia “monte”. Com o passar do tempo deixou de ser Évora de Monte e passou a ser Évora Monte que é a sua designação oficial. No entanto, vulgarmente é chamada de Évoramonte.
Guerra e Paz em Évora Monte faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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