Hoje, sexta-feira, é dia de Santa Luzia e manda a tradição ir à capela na aldeia de Vila Nova, no concelho de Vila Real, provar o Pito de Santa Luzia.
É uma das celebrações mais populares é na aldeia de Vila Nova, no concelho de Vila Real, onde muitas pessoas vão provar o Pito de Santa Luzia.
A designação de Pito revela um a expressão popular ligada à sexualidade e à fertilidade mas o que para aqui importa é que se trata de um doce. Tem a forma de um quadrado, com as pontas da massa viradas para o centro. O recheio é de doce de abóbora e canela.
Está associado à lenda de que Vila Nova foi a terra natal de uma mulher que de tão gulosa acabou por ser desterrada como freira para o Convento de Santa Clara, em Vila Real. Mesmo assim, a clausura não a privou da guloseima e até foi a criadora do Pito.
Segundo Rosa Maria, que está a fazer um mestrado em Antropologia sobre Doçaria e é gerente da Casa Lapão, uma das mais antigas confeitarias nacionais, toda esta história é uma efabulação.
Nem o Pito de Santa Luzia será de origem conventual tendo em conta os ingredientes com que é confecionado. Mas tem a fama.
Um outro doce muito popular em Vila Real e que, este sim, tem origem no receituário conventual de Santa Clara é a Crista de Galo. No inicio seria designado por Pastel de Toucinho.
O nome de Crista de Galo, da autoria de Lurdes Modesto, é certeiro porque tem a forma da crista dos galos. São dourados e polvilhados com açúcar. O recheio é de doce de gema de ovos e amêndoa.
A Casa Lapão ainda confeciona as Cristas de Galo com a receita original. A confeitaria é especializada na produção de doçaria conventual e ao longo dos mais de 80 anos de atividade conseguiu preservar o património de receitas originário do Convento de Santa Clara em Vila Real.
Foi a bisavó de Rosa Maria que era amassadeira (nome dado às mulheres que amassavam o pão) que com o marido decidiram criar uma padaria. Contaram com a confidência de uma amiga que tinha uma irmã no convento e que foi transmitindo as receitas conventuais.
Outra versão acrescenta que a bisavó de Rosa Maria também andou no Convento, a aprender a ler, e teve igualmente acesso às receitas.
Seja qual for a versão, o que é certo é que, felizmente, não se perdeu a receita das Cristas de Galo. Prove e vai ver como partilha a minha opinião.
A emissão deste episódio, Os Pitos e as Cristas de Galo de Vila Real, pode ouvir aqui.
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