O castelo de Abrantes é uma das maiores fortificações da linha defensiva do Tejo do tempo da Reconquista. Já foi quase tudo.
Castelo medieval, passou a fortaleza, foi quartel militar, presídio e agora uma das funções é servir como miradouro.
Na opinião de Etelvino Martins, nos dias não muito quentes os visitantes “é entrar, ver e sair.
No Verão é muito diferente, é também um espaço de lazer”. Nos dias de maior calor os residentes também vão para o castelo aproveitar a aragem e a sombra. “É mais ao fim de semana e os que têm uma certa idade.
Os mais novo preferem a beira Tejo que têm lá restauração e outros divertimentos. Os que têm mais idade aproveitam as boas sombras do castelo, ficam por lá umas horitas.” Não há o hábito de se jogar às cartas. “Na periferia costumam fazer mas em Abrantes não”.
Na zona histórica também já não há bancas para jogarem. “As antigas tascas acabaram e até os cafés na parte velha da cidade que antes foi a área nobre. Hoje são escombros a cair”.
Etelvino Martins é o dono do café no inicio da rua D. Afonso Henriques, onde começa o caminho em direcção ao castelo.
Ele próprio faz a descrição do percurso. No caminho, pouco antes de chegarmos ao castelo podemos ver a igreja de S. Vicente “que é rica no seu interior em imagens e em talha. Revela sempre algum interesse. Depois segue ao castelo onde tem um miradouro de 360 graus.”
Depois de passarmos o casario adormecido do centro histórico a fortaleza ergue-se no alto do morro e, de facto, é um excelente miradouro. Vê-se o rio Tejo, as serras, a cidade que se espraia pela encosta protegida pela muralha e pelos baluartes.
No interior da fortaleza a vista é ainda maior quando subimos ao topo da torre de menagem. A zona circundante tem algumas árvores e é um espaço aberto.
A torre é vizinha da igreja de Santa Maria do Castelo. Fica também no interior amuralhado e é mais ou menos contemporânea do castelo.
Passou igualmente por várias reformulações. Uma delas foi a passagem a panteão da família Almeida. Podemos ver os dois túmulos de estilo maneirista, decorados com muito pormenor.
No interior da igreja funciona o Museu D. Lopo de Almeida. O templo teve um destino bem diferente da pequena igreja do Convento de N. Senhora da Esperança que fica no inicio do percurso na zona histórica. O Convento encerrou no inicio do século XIX e em 1835 passou a ser o Teatro Nacional de Abrantes, mais tarde designado Teatro Taborda.
O edifício destaca-se pelas cores amarela e branca. A igreja está separada do Convento e tem um painel grande de azulejos na fachada.
Mais imponente é a igreja de S. João. Fica noutro lado, próximo do castelo. Tem “uma talha riquíssima no seu interior e é digna de muito interesse”.
Partilho a opinião do senhor Etelvino. A igreja é muito bonita e só a imponente fachada chama logo a atenção.
Por último, um lamento. Para o Cine-teatro S. Pedro. Um edifício de arquitectura moderna, do arquitecto Ruy Jervis. De certa forma é um projecto em segunda mão porque inicialmente foi do arquitecto Amílcar Pinto, até serem construídas as fundações. Para a sua construção demoliram uma igreja, em 1946, e três anos depois foi inaugurado. O nome continua na fachada muito alta, lá está, Teatro S. Pedro, numa estrutura metálica ferrugenta como parece ser o futuro do edifício sem utilização.
«Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes» é uma frase que é usada com alguma regularidade e está associada à ideia de conformismo, imobilidade. A explicação da sua origem pode encontrar aqui no Ciberdúvidas.
«Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes» faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.
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