O Paço de Moledo, no concelho de Lourinhã, foi residência de Dona Inês durante sete anos. Após o exilio em Castela em 1345. D. Pedro costumava ir ao Paço de Serra De El-Rei e escapava-se às escondidas do pai para Moledo, ao encontro da sua apaixonada.
Em Moledo Inês foi mãe de três filhos (de D. Afonso, D. João e D. Dinis) cuja paternidade foi atribuída a D. Pedro.
Há registos históricos e também muita imaginação popular e criatividade que foi igualmente partilhada numa experiência de arte nas ruas, jardins e moinhos da aldeia.
O projeto foi desenvolvido em parceria com a Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Há alguns anos que podemos ver esculturas, pinturas, graffitis e, esporadicamente, iniciativas de rua e concertos.
Moledo fica numa zona calcária e é um espaço marcadamente rural com rebanhos de cabras, máquinas agrícolas e gente que trabalha a terra.
Passam ao lado do Paço, uma das zonas mais férteis, e residência de Inês, onde podemos ver uma instalação feita com pedras oferecidas por pessoas da aldeia e que também tem o nome de Paço (autoria de Constança Clara).
Ao lado fica a Morte de Inês (autoria de Joana Alves). Uma pia de pedra que segundo a lenda era onde Inês tomava banho. Os pés da banheira representam figuras humanas.
Nuno Silva foi presidente da Junta de Freguesia quando foi lançado o projeto de arte pública. A iniciativa contemplava outras valências e, de tudo o que foi concretizado.
A única obra que lhe causa estranheza é a banheira da Inês. “É um bebedouro. Eu não acredito que seja a banheira de Inês porque não se concebe que num Paço, com os aposentos e a fonte revestidas a azulejos, ela usasse uma pia de pedra para se banhar. É engraçado. Eu acredito mais que fosse um bebedouro para os cavalos de D. Pedro quando vinha aqui.”
Encontrei Nuno Silva em frente da igreja onde mora e as janelas da sua casa são quase da altura da Árvore (autoria de Francisco Gonçalves). Uma peça em madeira, com formato espiral. Mas ele preferiu destacar-me outras.
“Há uma com Pedro e Inês. É revestida a corda. Deram-lhe o nome de Amor Inseparável, (autoria de Sana Hashemi Nasl) tanto que eles estão agarrados. Noutro lugar estão cravos e espinhos cujo significado é a maneira árdua como Pedro e Inês viveram o seu amor (autoria de Sónia Moreira) . Há ainda os corações.”
Por último, das 16 peças da Mostra de Arte Pública (MAP) a sua preferida é Inês (autoria de Joana Alves) moldada em pedra de calcário, nua, sentada de lado, a mão a apoiar a cabeça e com ar contemplativo. “Está no campo de futebol. Aprecio-a muito. Foi planeada no meu tempo mas foi acabada muito mais tarde. É engraçada. A rainha pensadora. Ela olha para a coroa que está afastada e também é em pedra.”
A peça é da autoria de Joana Alves e a coroa é uma réplica da que está no tumulo de Inês no Mosteiro de Alcobaça.
As ruas onde há obras de arte estão sinalizadas com o logo do MAP (Mostra) que se baseia no tradicional jogo do galo. Só que, em vez da cruz e da circunferência, usam corações e coroas.
O projeto está no terreno há cerca de uma década, tem tido peças novas e concretiza um sonho que esteve na sua origem e que era trazer visitantes a Moledo.
A corda de sisal funde os corpos de Inês e Pedro em cima de um rochedo e com vista para Moledo que, de certa forma, também se deseja entrelaçar com a lenda de uma das mais dramáticas histórias de amor.
O Amor Inseparável de Pedro e Inês em Moledo faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e pode ouvir aqui.
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