O Cabeço das Fráguas junta tudo: religião, lendas, arqueologia, história e até uma das raras inscrições em língua lusitana com caracteres latinos.

Escavações no Cabeço das Fráguas - Cortesia do Instituto Arqueológico Alemão, Madrid
Escavações no Cabeço das Fráguas – Cortesia do Instituto Arqueológico Alemão, Madrid

João Mendes Rosa, diretor do Museu da Guarda diz que o Cabeço das Fráguas é um desses lugares míticos que se inscreve no imaginário coletivo português, fundamentalmente com a nossa etnogênese fundacional que tem a ver com povos pré-romanos, designadamente os Lusitanos.

O sitio arqueológico Cabeço das Fráguas fica na freguesia Benespera, concelho da Guarda, no alto de uma serra, a mais de mil metros de altitude e a caminhada pela encosta íngreme e rochosa demora uma hora.

Inscrição no Cabeço das Fráguas - Cortesia, Instituto Arqueológico Alemão, Madrid
Inscrição no Cabeço das Fráguas – Cortesia, Instituto Arqueológico Alemão, Madrid

No alto encontram-se vestígios de edificações lusitanas e uma inscrição rupestre datada do século II, alusiva a um sacrifício de animais e esta descrição revela a importância que era atribuída a cada uma das divindades de acordo com o tributo votivo que lhe é prestado:
A Trebopala uma ovelha e a Laebo um porco,
a Iccona Loiminna uma vaca,
a Trebaruna uma ovelha de um ano
e a Reva Tre-(?) um touro de cobrição

A inscrição rupestre tem ainda um outro atributo relevante: é raro encontrar-se em língua lusitana.
A inscrição em caracteres latinos contém uma informação relevante sobre o que seria a língua nativa, o lusitano antes de se latinizar.

Réplica no Museu da Guarda - Cortesia Museu da Guarda
Réplica no Museu da Guarda – Cortesia Museu da Guarda

No museu da Guarda há uma réplica.

A juntar a todos estes elementos há ainda a lenda de Viriato.

Há quem considere que o Santuário é também o Monte de Vénus onde se teria dado o funeral de Viriato. Não há qualquer confirmação ou dado que sustente essa analogia, que não passa de uma lenda a juntar ao forte imaginário do lugar.

O sítio arqueológico Cabeço das Fráguas faz parte do roteiro arqueológico do Museu da Guarda e João Mendes Rosa recomenda que se contacte o Museu para se preparar a deslocação com um guia, já que não é fácil a subida, o terreno é inóspito e há quem tenha dificuldade em encontrar a inscrição.

Póvoa do Mileu - Cortesia da Câmara Municipal da Guarda
Póvoa de Mileu – Cortesia da Câmara Municipal da Guarda

Um outro roteiro arqueológico acompanhado por um membro do Museu da Guarda, e de mais fácil acesso, é à Póvoa de Mileu onde se crê que teria existido uma capital de município romano.

Cabeço das Fráguas é um dos lugares míticos de Portugal faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e pode ouvir aqui.

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