O pastel de feijão de Torres Vedras vem embrulhado em papel. Depois de aberto, sobressai a sua forma redonda, cor amarela com tons dourados.
A receita dos que são feitos na casa Benjamim tem mais de um século.

A camada de cima do pastel de feijão é ligeiramente rugosa e de cor dourada. O recheio é envolvido por uma massa muito fina, que em Torres Vedras designam por forra ou capa, “é uma capinha crocante diz  Sérgio Valente, proprietário da casa Benjamim.

Fabricam doçaria regional mas destacam-se no pastel de feijão. Pela experiência e pelo conhecimento de uma receita muito antiga. “A minha prima, que trabalha connosco, é pasteleira há 36 anos. Temos uma receita muito antiga. Julgo que com mais de 100 anos.”

A receita foi, entretanto, adaptada aos novos hábitos de consumo com a “redução de açúcar porque hoje há uma maior preocupação com a saúde. Mas não podemos reduzir muito porque o açúcar é o conservante natural”.
Além do açúcar, faz ainda parte do recheio, ou espécie como aqui é designado, feijão branco, gemas de ovo e água.
O feijão e a amêndoa pelada são triturados em conjunto e formam uma pasta amarela que já antecipa a cor final do pastel. O sabor é mais ambíguo.
“Há quem diga que este é que sabe a feijão. Eu acho que não é assim. Sabe a amêndoa. Um bom pastel de feijão tem de levar amêndoa. É esse o segredo.”

Na minha experiência, sobressai de imediato o crocante do rebordo e depois o sabor a amêndoa. O sabor a feijão surge mais tarde e de forma suave.
O feijão é branco e é “importado da América do Sul. O feijão branco é conhecido por fidalgo.”
O pastel de feijão é de origem conventual e as primeiras referências ao produzido em Torres Vedras são do final do século XIX.
O saber fazer foi associado a algumas famílias e transmitido de geração em geração.

Sérgio Valente

Se a receita foi adaptada a novos padrões de consumo, o mesmo sucede com os clientes. Além dos habituais, “tenho clientes emigrantes brasileiros. Muitos são reformados, com algum poder de compra, vieram do Brasil e compraram casa nesta região”.

O consumo expandiu-se aos aviões da TAP que fazem voos de médico curso.
É vulgar encontrar em pastelarias de Torres Vedras o pastel de feijão, de várias marcas, e colocam ainda o produto em algumas superfícies comerciais.
Para que cada um o possa saborear a seu belo prazer, ou seguindo a recomendação de Sérgio Valente: “acho que como sobremesa. Acompanhado de um café e de um digestivo. Uma aguardente ou vinho do Porto.”

O pastel de feijão de Torres Vedras com sabor a amêndoa faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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