A frase do título é de um cliente habitual dos folhados de Loulé. Quando estávamos “embriagados” pelo aroma do doce acabado de fazer. O creme de ovos a derreter também derretia o nosso apetite.

O folhado de Loulé deve ser comido morno, por isso, tem hora marcada. A tabuleta colocada na rua indica que no Bom Petisco, o restaurante de Joaquim Prado, é às 4 da tarde.

“Tem de se deixar arrefecer o interior que é doce de ovos. A massa fica estaladiça. Só assim é que se deve comer. No dia seguinte o folhado já não é o mesmo e nem se deve aquecer.”
Na altura da nossa conversa o aroma que vinha do forno contagiava quem estava no pequeno salão.

Quando chega a travessa repleta de bolos intensifica-se o aroma e Joaquim Prado polvilha os bolos com açúcar. A cor amarela da massa folhada fica esbatida e sobressai o creme de ovos que escorre do interior.

Não admira a reação dos clientes.  “Quem come um folhado daqueles fica feliz para o resto da semana. Olha-se para eles, com o creme por fora, fica-se desejoso de os comer.”

A massa folhada estaladiça combina bem com o creme ainda morno e dá para saborear lentamente porque os folhados são grandes. Na fornada saíram duas travessas e são muitos os clientes. “Sim, mas já tive mais. Eu faço os folhados às 16h e às 17h encerro. O meu negócio é mais restauração. Faço por encomenda. Em Loulé encontram os folhados aqui ou na pastelaria da LouleDoce.

Os folhados de Loulé entraram na doçaria regional há quase um século pelas mãos de uma família. Maria Pires terá aprendido a receita próximo de Coimbra e, para ter algum rendimento, começou a fazer os folhados de Loulé.

Vendia com as irmãs, pelas ruas de Loulé. Duas vezes por dia para chegarem quentes aos clientes. “Eram duas irmãs, com alguma idade que dedicaram muito da sua vida a fazer os bolos. Uma delas tinha um filho que distribuía os folhados. Por vezes elas também vinham.”

Forneciam também os cafés, como o célebre café Calcinha, que foi gerido por Joaquim Prado durante cerca de 40 anos.

café Calcinha

“Os folhados eram às 16h e quando chegava a hora juntavam-se os empregados do comércio e os comerciantes à porta do café à espera da entrega dos folhados. Esgotava sempre.” Não admira.

“Quem come um folhado de Loulé fica feliz para o resto da semana” faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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