Hoje vai haver disparos na bateria da Raposeira, no alto da Trafaria. Mas não são disparos das quatro antigas peças de artilharia que estão inativas há quase meio século. São disparos de máquina fotográfica para as vistas fantásticas do estuário do Tejo.

As baterias estão apontadas para o mar. A trajetória leva-nos para magníficos miradouros naturais no topo da arriba fóssil da Costa da Caparica, na Trafaria.

Uma paisagem urbana marcada por Lisboa, o estuário do Tejo, o casario de Trafaria e de Cova do Vapor, separadas pelos enormes silos da Silopor.

Pisamos terra de areia fina e estamos rodeados de pinheiros que não conseguem camuflar as peças de artilharia porque estão grafitadas com cores muito vivas.

Não é apenas este equipamento. Todas as construções da estrutura militar que ficou inativa há cerca de 30 anos. Hoje é suporte de pinturas murais, tal como descreve Diogo Santos que com o Marco Abreu visitavam a bateria da Raposeira.

“Foi tudo vandalizado e com graffitis. Literalmente, em todo o lado. Dos três canhões um caiu da estrutura e outro dá para girar.”

Algumas das instalações, em 2019, foram encerradas com tijolos para atenuar o efeito do vandalismo e quando da minha visita alguns militares limpavam o mato como medida preventiva dos incêndios.

A origem da bateria é do início do século XIX. Ao longo do tempo teve melhorias e foi reequipada.
Tem a particularidade de algumas instalações, as que estão próximas das peças de artilharia, terem sido construídas dentro do morro. “Dá para ver que é dentro da terra, como se fosse um bunker”.

Do outro lado da estrada Militar, a um nível mais baixo e a céu aberto, vemos uma construção térrea com várias salas.
A Estrada Militar acaba aqui, num fosso de cerca de 400 metros de cumprimento escondido pela orografia do terreno e pela natureza.

Ao subirmos as escadas de pedra passamos para o patamar onde estão as peças de artilharia.
Eram de fabrico alemão, 4 Krupps de 150mm, o que permitia ter um grande alcance e proteger o estuário do Tejo de uma incursão naval hostil.

A Krupp era um aglomerado industrial enorme, quatro vezes maior do que a antiga CUF, e exportava para todo o mundo.”
As peças de artilharia pertenciam ao Regimento de Artilharia de Costa do exército e não foram utilizadas em situações de conflito. Apenas para treino e quando isso sucedia, segundo alguns relatos, avisavam a vizinhança da Trafaria por causa dos vidros das janelas.

Não muito longe, ainda na arriba, mas mais próximo da Costa da Caparica, estava um outro conjunto de 8 peças de artilharia que pertenciam à bateria de Alpena. A estrada militar que termina na Raposeira faz a ligação a Alpena e ao quartel da Trafaria.

Nos dias de hoje são lugares que despertam a curiosidade de alguns visitantes no passa a palavra. “Eu vim aqui porque me recomendaram. Para vir ver a base com canhões e é fantástico para fotografia. Para Lisboa, Costa da Caparica, Tejo…”

Os canhões da Bateria da Raposeira apontam para magníficos miradouros do estuário do Tejo faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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