Este fim de semana vamos ver grous. A ida é a Campo Maior ao II Festival de Grous. Para quem desconhece esta ave, Rui Machado, técnico de conservação da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, SPEA, faz uma breve descrição:
Programa copy“o grous é uma espécie grande, muito grande. Para quem nunca viu um grous, em termos visuais, pode assemelhar-se a uma cegonha, mas com cores completamente diferentes. É uma ave esbelta, pernas altas, pescoço comprido e é muito vocal. Elas estão em Portugal apenas no Inverno. Escolhem como habitat de invernada montados e planícies do Alentejo. Alimentam-se de bolotas e outras sementes.”

©Luis Venâncio
©Luis Venâncio

Acrescento à descrição de Rui Machado que é uma ave cinzenta, com tons pretos e brancos no pescoço e a coroa, no topo da cabeça, tem penas de cor vermelha.
Tem outras particularidades, como fazerem barulho e darem nas vistas. “é uma espécie muito vocal e os bandos podem ser de centena e até de milhares de indivíduos e fazem voos entre os locais onde passam o dia, em busca de alimentação, e os locais onde passam a noite.

©Luis Venâncio
©Luis Venâncio

É uma espécie que se junta em bandos grandes também para dormir. Nestes movimentos, entre os locais de alimentação e de dormitório, os bandos muitas vezes, além de serem um espetáculo visual impressionante devido ao número de indivíduos, são também muito vocais”.

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Acrescenta Rui Machado que é um momento único, “a conjugação da observação e da audição torna aquela experiência muito mais fascinante para quem nunca viu grous e até para quem vê grous todos os anos.”
Os grous chegaram em meados de Novembro e podemos vê-los até meados de fevereiro.
Nas vastas planícies alentejanas, em particular em redor de Campo Maior onde se realiza o festival. É uma boa oportunidade para quem se quer iniciar na observação de aves.
Programa copyO festival são três dias e as atividades são muito dirigidas para o turismo de natureza, para uma imersão neste mundo. Quem não está sensibilizado ou nunca fez esta atividade torna-se muito mais fácil ir em grupo com pessoas que organizam as atividades e dão a conhecer os métodos para observação de aves.
Na edição anterior os grous despertaram a curiosidade de muita gente. “A observação dos grous, pelo menos entre o mundo dos observadores de aves. É uma experiência única. E há cada vez mais gente curiosa. Fotógrafos de natureza, observadores…. Também pessoas que gostam de natureza como local de caminhada, de relaxamento e aproveitam para ver os grous.
©GedaAlgumas das atividades de observação são ao final do dia, quando os bandos vão para o dormitório e quem vê não esquece o cenário. “Acho que é surpresa, espanto. Para qualquer pessoa é fantástico ver bandos com centenas ou milhares de aves e isso acontece tanto com os grous em Portugal no Inverno, como com os estorninhos, que estão presentes em todo o país com bandos grandes com os típicos movimentos oscilantes. A sensação de ver bandos de aves desta dimensão é de espanto. Com os grous é uma espécie mais localizada e muito bonita. Fazem um voo quase linear entre dois pontos, uns mais acima outros mais abaixo mas com a formação de bando.”

©Luis Venâncio
©Luis Venâncio

O festival é organizado em conjunto com a GEDA, uma associação de Campo Maior que pode dar uma ajuda a quem pretende descobrir os grous mas não tem oportunidade de se deslocar este fim de semana.Há ainda recursos online para se saber mais ou menos os locais.
Quem tiver sorte pode ver ainda outras espécies que partilham o mesmo território. “Estamos a falar de espécies de palhas. Por exemplo o cisão e a abetarda continuam por lá nessa altura. Alguns vêm-se mais facilmente do que outros. Infelizmente as espécies de palha têm estado em declínio em Portugal, mas é ainda possível ver o cisão, a abetarda o alcaravão”.

©Luis Venâncio
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Por último, saliento o significado que algumas destas espécies têm para a comunidade local. É exemplo da abetarda em Castro Verde, com a Reserva da Biosfera, e também dos grous em Campo Maior. “à semelhança de outras regiões, há uma interação e uma evolução do relacionamento com as espécies. Hoje em dia, em Campo Maior, os grous são mais reconhecidos e nós no festival também fazemos atividades de educação ambiental. Hoje em dia há uma sensibilidade muito maior para a importância da espécie e do seu enquadramento local no ecossistema. As pessoas já têm carinho pela espécie e orgulho que Campo Maior seja um dos locais onde se pode ver e ouvir melhor”.

Rui Machado da SPEAVamos ver e ouvir os grous em Campo Maior faz parte do programa da Antena1, Vou Ali e Já Venho, e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

O Vou Ali e Já Venho tem o apoio:Af_Identidade_CMYK_AssoMutualistaAssinaturaBranco_Baixo

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