Vila Ruiva, no concelho de Cuba, auto intitula-se Capital do Fresco. São pinturas murais, algumas remontam ao século XVI, e encontram-se na igreja matriz e em habitações. O processo decorativo tem raízes históricas no Alentejo.

Uma das habitações com frescos é uma antiga casa senhorial da família de João Pedro Cappas.
As pinturas são visíveis em muitas assoalhadas. O salão tem as paredes quase todas cobertas com murais. Como se fossem enormes postais ilustrados de várias civilizações porque retratam cenas muito diferentes. No espaço, no tempo e de diferentes culturas.

“Têm um pouco de tudo. Lisboa, um barco e um comboio a vapor, o monte de S. Bartolomeu que pertenceu a esta casa, um convento para onde foi uma senhora desta família, cenas de caça, uma ponte romana, uma vara de porcos, uma mala-posta, paisagem alentejana, aves exóticas…

São paisagens que têm na base uma espécie de varanda. Estamos dentro de casa, mas é como se estivéssemos no exterior, num terraço.”, descreve João Pedro Cappas.
Na igreja Matriz de Vila Ruiva há também vários frescos.
O templo, próximo da estrada, chama logo a atenção por um torreão alto, redondo e coberto com uma cúpula.

A igreja foi construída em 1523 e os cinco frescos são alusivos a temas religiosos e vão do século XVI ao século XVIII. “Um deles tem o mesmo traço dos que foram feitos nesta casa. Provavelmente é o mesmo autor.”

Quanto á técnicas deste processo decorativo, João Pedro Cappas diz que “os frescos são feitos por fases. Fazem o estuque, e depois, quando está com alguma humidade, é pintado. Fazem por secções.”
Algumas das pinturas da casa de João Pedro Cappas já foram restauradas. “É tudo pintado à mão e há várias técnicas. Este foi restaurado e ainda vai ser retocado.

Do pavilhão chinês tinha uma imagem da pintura que retransmiti aos restauradores e eles conseguiram reproduzir como era.”

Segundo vários estudos o recurso decorativo a pinturas murais proliferou no Alentejo até meados do século XVIII. Mas em alguns casos é difícil de determinar porque “ninguém assinava ou colocava a data”.

Admite-se que algumas pinturas estejam escondidas debaixo de camadas de cal.
Em Vila Ruiva existem mais casas com frescos. Não em grande número porque “as pessoas destruíram, não preservaram. Estes são, de certa forma, da vila, conta a história da vila. Esta é uma casa senhorial que deve ter começado com o meu tetravô.”

Além das que se podem ver na igreja Matriz, as da antiga casa senhorial podem ser um bónus na visita ao fascinante Cappas Insectozoo – Museu Vivo de Insectos Sociais. É uma iniciativa de João Pedro Cappas que desde muito novo se interessa pelo estudo, especialmente, de formigas, abelhas e vespas.

No caminho para Vila Ruiva, não muito longe da estrada principal,  pode-se ainda observar a ponte romana que contam ter 126 arcos sobre a ribeira de Odivelas e está classificada como Monumento Nacional.

Vila Ruiva Capital do Fresco faz parte do programa da Antena1 Vou Ali e Já Venho e a emissão deste episódio pode ouvir aqui.

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